Brasil acompanha as melhores práticas internacionais de controles internos

controles_int_2014_pqFonte: portal da CNseg

Um dos grandes desafios do mercado segurador mundial é padronizar as regras contábeis. Um dos pontos de partida é a implementação do normativo conhecido como Solvência 2, que tem como objetivo a regulamentação e supervisão do mercado segurador europeu, com a consolidação das práticas contábeis das quase 300 seguradoras do continente. Esse extenso normativo também serve de base para os padrões adotados por reguladores de vários países em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Diante deste desafiador cenário, a CNseg promove nesta terça-feira, dia 16, em São Paulo, o VIII Seminário de Controles Internos, Auditoria e Gestão de Riscos – Afinal, o que é Compliance e qual sua importância para o Sistema de Controles Internos?. “Nos traz grande satisfação ver que a área de controles internos vem assumindo uma posição de destaque nas companhias”, diz Solange Beatriz, diretora executiva da CNseg, na abertura do evento. “Ainda há muito a ser desenvolvido no Brasil, mas pode-se dizer que estamos acompanhando de forma contínua a adoção das melhores práticas internacionais”.

Maria Helena, diretora da Escola Nacional de Seguros, destacou que o objetivo da instituição é disseminar o conhecimento de seguros no Brasil, de diversas formas, seja no apoio a eventos como esse, no lançamento de livros e no desenvolvimento de cursos específicos sobre o tema. “Por isso é muito gratificante ver uma sala lotada”, disse, exibindo a sala lotada com quase 400 inscritos, entre gestores de governança corporativa, de riscos, de compliance e de controles internos reunidos aqui para os debates durante todo o dia”.

Enquanto na Europa o normativo foi discutido longamente e depois dado um prazo grande para a implementação das novas regras, até 2016, no Brasil o processo caminha a “passos largos”. Diante disso, a CNseg busca contribuir para o processo de nova cultura do setor, com várias iniciativas, como esse seminário, o curso de controles internos, que já está em sua quarta edição e apoio a lançamento de livros sobre o tema. “Nosso objetivo é fomentar a troca de experiência e conscientizar que as áreas de controles internos são essenciais para o sucesso do negócio”, afirma Solange Beatriz, que representou o presidente da CNseg, Marco Antonio Rossi, que por motivo de viagem não pode comparecer ao evento.

Mas Rossi, que também preside a Bradesco Seguros, mandou uma mensagem aos presentes: “Parece que foi ontem que a Susep publicou a circular nº 249. Mas já se passaram mais de 10 anos. Essa regulamentação fortaleceu o nosso segmento, nos posicionando em R$ 300 bilhões de receitas por ano. Chegar a esse patamar foi facilitado pelo aumento da importância do controle das empresas”, destacou Rossi. “Parabenizo a todos que trilharam esse caminho conosco, pois para o crescimento sustentável que queremos para o setor, o modelo de governança corporativa é essencial.”

Os representantes dos titulares de órgãos reguladores, como Angélica Carvalho, técnica da Agência Nacional de Saúde, e Carlos Henrique de Paula Prata, técnico da Superintendência de Seguros Privados (Susep), também ressaltaram a importância das discussões sobre o tema. “A educação transforma o homem e o homem transforma o mundo”, disse Angélica, resumindo a importância do evento. “O órgão regulador fica mais tranquilo quando as empresas investem em controles internos. Com receitas de R$ 108 bilhões e sinistralidade de 83,7%, esse tema é um dos pilares dos desafios de termos um negócio sustentável”. O representante da Susep diz o mesmo. “Ter controles internos eficientes é sinônimo de construir empresas sólidas e melhores resultados aos seus acionistas. Não se constrói um mercado sólido sem a participação de todos os seus gestores”.

O primeiro painel do evento ficou a cargo da representante da Direção Geral de Seguros e Fundos de Pensão da Espanha, Eva María Lidón Gámez. Ela explicou a todos os três pilares da Solvência II, destacando procedimentos sobre requerimento de capital baseado em risco, de atividades de supervisão e de controles internos com foco em riscos, e de reporte financeiro. Segundo ela, a Solvência II vem para evitar que uma nova crise financeira aconteça. “Sabemos que não existe risco zero, mas o empenho de todos os órgãos reguladores dos países europeus é mitigar as fragilidades detectadas no sistema de seguros reveladas durante a crise financeira”, comentou, acrescentando que o objetivo é contribuir para melhorar a qualidade da regulação do setor e de assegurar a robustez financeira das seguradoras e entidades de previdência privada, além de aumentar o grau de proteção dos consumidores”.

O normativo Solvência 2 abrange todas as empresas de seguros e de resseguro da Europa. “Não importa a estrutura da sociedade ou se a companhia vende pouco ou muito. O objetivo é a regulamentação e supervisão que dê proteção adequada aos tomadores e beneficiários. Essa é a única finalidade de toda a regulamentação européia”, frisou.

Para Wilson Toneto, presidente da Mapfre Brasil e mediador do painel, o risco de não estar compliance e ter perdas financeiras e reputacionais pelo fato de não ter cumprido as leis internos e externos. “Por isso, nosso grande objetivo com esse debate de hoje é fomentar a consciência de todos para o cumprimento das regras internas e externas. E isso só será conquistado com o envolvimento de todos, estimulados pela alta cúpula das organizações, e com a estrutura e meios adequados criados para a formação dos profissionais envolvidos”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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