Naval: um setor repleto de desafios e oportunidades, segundo especialista da AGCS

agcs antony vassalloAnthony Vassallo, diretor da área de Energia da Allianz Global Corporate & Specialty (AGCS Re Brasil), aposta no potencial do seguro naval no Brasil, independentemente da crise que o setor enfrenta atualmente. O que não pode acontecer é o mundo corporativo cortar investimentos em gestão de riscos e seguro para proteger o patrimônio de eventuais perdas, o que agravaria ainda mais uma crise em caso de acidentes. Veja abaixo a entrevista concedida por Vassallo ao Blog Sonho Seguro.

Como a crise com a Petrobras e império X afetou o segmento no que diz respeito a seguros?

Qualquer empresa que passe por alguma crise financeira é questionada no que diz respeito à sua carteira de seguros. Isso se aplica especialmente para a indústria de petróleo e gás, já que a manutenção geralmente é uma das primeiras coisas a sofrerem com a redução de custos da companhia. Quando lidamos com operações de produção e exploração offshore, os riscos inerentes a essas atividades são muito altos. Portanto, se um cliente passa por uma crise financeira publicamente, com certeza há uma preocupação sobre os ativos segurados. Por outro lado, a indústria offshore é muito dinâmica e, se algum ativo de uma empresa petrolífera não está mais sendo utilizado, consequentemente eles serão vendidos ou realocados para projetos de outras companhias.

O risco está mais elevado e o seguro mais caro?

Cada ambiente diferente representa desafios diversos na indústria de petróleo e gás. O Brasil é líder em tecnologia de produção e exploração em águas ultra profundas, mas isso não diminui o risco associado. Os prêmios de seguro e resseguro no Brasil são uma atribuição essencial do Mercado global de seguros de energia Brazilian e também para os prêmios e perdas que são pagos à indústria. O Brasil tem tido um período relativamente positivo em relação às perdas seguradas (desde a P36 em 2001) o que levou à “suavização” dos prêmios, termos e condições que são oferecidos aos clientes locais. Entretanto, como a maioria desses clientes são empresas multinacionais, outras perdas significativas que ocorram em outras partes do mundo podem impactar nas condições de mercado do Brasil. Por exemplo, atualmente o Golfo do México enfrenta a temporada de furacões. Caso haja uma grande perda nessa região, os resseguradores certamente irão aumentar os níveis de preços dos prêmios, globalmente.

Como anda a venda de seguros para a indústria naval? O que temos de novidades? Quais os desafios e perspectivas para esse nicho de negócio?

Globalmente falando, houve o surgimento do gás não convencional, ameaçando a economia de grandes projetos de GNL no mundo inteiro. Em 2018, quando os projetos de GNL (grande investimento na Austrália) entrarem em operação, haverá mais de 1/3 da capacidade mundial. Plataformas flutuantes de GNL (uns dos maiores navios do mundo). Independência energética dos EUA devido ao gás de xisto (shale gás). Mudança na legislação do México, com a abertura do mercado para novos investimentos. Recursos não convencionais na Argentina; questões políticas e econômicas na região. Questões políticas na Venezuela, o que dificulta o investimento em projetos. A segurança energética para a Europa ainda conta com a Rússia, que é politicamente muito forte. Outros países da América do Sul explorando buscando seu potencial na indústria de petróleo e gás (ainda que seus recursos sejam menores que os existentes em outros continentes). Riscos Cibernéticos e tecnológicos vem ganhando importância para as companhias de petróleo. A indústria de seguros está desenvolvendo produtos customizados para atender essa demanda.

E no Brasil?

Temos um mercado ativo, passando por profundas mudanças, que vou citar. Atualmente um dos maiores centros de construção de projetos offshore do mundo. Cerca de 30 novas unidades de perfuração serão construídas até – considerando os atrasos. Cerca de 20 novas unidades de produção (FPSOs e plataformas semi-submersíveis) operando no pre-sal até 2018. Desenvolvimento do campo de Libra nos próximos ano. Desafios nas produção e exploração em águas ultra profundas. Produção da Petrobras no pré-sal já atingiu a marca de 500 mil barris por dia de óleo equivalente (extração total de 2.3 milhões de barris por dia); aumentando para 4milhões de barris por dia ate 2020. Novas rodadas de licitação de campos petrolíferos não estão previstas até 2015. Potencial rodada de licitações não convencional da ANP. Responsabilidade Sócio ambiental continua sendo uma preocupação.

Quais os maiores desafios no Brasil?

A entrega de projetos dentro de um curto prazo, a exigência de conteúdo local, pouca experiência e expertise na construção de portos e terminais de navios e FPSOs, águas ultra profundas, o que demanda novas tecnologias, o Brasil tem vantagem pois é lider nesse aspecto – porém para a indústria de seguros e resseguros é um desafio avaliar como é essa operação, já que possuimos pouca experiência nesse campo. Para seguradores e resseguradores, o desafio é obter as informações corretas para que o risco seja avaliado da forma mais precisa possível. O Brasil possui os preços mais competitivos do mercado de seguros mundial. O resseguro é essencialmente oferecido pelos grandes players globais

Quais são os seguros mais contratados? Como está o cenário de resseguro para esse segmento?

A AGCS oferece diversos produtos de resseguros para a indústria de Petróleo e Gás, com liderança de mercado e expertise local. Acreditamos que nossos produtos vão além de preço e capacidade de absorção de riscos, mas no que diz respeito à qualidade da cobertura oferecida. Na área de Petróleo e Gás oferecemos dano aos ativos, controle de poços de exploração e produção, construção offshore, perda de contratação e algumas questões de responsabilidade civil de terceiros.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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