FONTE: portal da CNseg – www.cnseg.org.br
Mais de 800 iniciativas de educação financeira foram detectadas no Brasil no primeiro mapeamento sobre o tema, apresentado hoje, no auditório da BM&F Bovespa, em São Paulo. Isso significa oito vezes mais do que no levantamento anterior, realizado em 2010. “A maioria das iniciativas está alinhada com as diretrizes da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), como gratuidade e imparcialidade, além de oferecer informação, orientação e formação”, ressaltou Silvia Morais, superintendente da AEF-Brasil, Associação de Educação Financeira, durante a apresentação dos dados.
O Mapa das Iniciativas de Educação Financeira no Brasil é um levantamento quantitativo produzido com o objetivo de provocar reflexões, estimular o debate e ampliar a visão sobre o assunto, contribuindo para a disseminação em toda a sociedade. Segundo o mapeamento, a maioria dos projetos pertence a iniciativa privada e ao setor público.
Um fato que chamou a atenção é que 40% dos projetos, 317 no total, foram cadastrados voluntariamente no site (www.vidaedinheiro.gov.br), Desses, 60% são ações gratuitas. “Educação é um direito do cidadão quando oferecemos isso de forma gratuita”, comentou a apresentadora do estudo ao auditório lotado por especialistas, parceiros das iniciativas e jornalistas. “Isso mostra que há um alinhamento informal dos objetivos da Enef”.
Segundo ela, o levantamento constatou que o cidadão tem disponível um conjunto de informações para tomar suas decisões financeiras. Dentro dos três eixos – informação, orientação e formação -, as iniciativas abordam finanças pessoais e dúvidas do dia a dia. “Observamos que precisamos não só levar conteúdo e sim despertar o cidadão de que ele precisa procurar informações. Precisamos diversificar o conteúdo ao cidadão”, comenta.
De forma geral, as iniciativas educam no curto, médio e longo prazo. A principal forma de contato das empresas envolvidas, cerca de 78%, é virtual, o que democratiza a orientação financeira. “Temos de ter cuidado com a imparcialidade, pois estamos educando essas pessoas”, ressaltou. Há um conjunto enorme de vídeos e blogs entre os instrumentos de educação mais ofertados pelos projetos. Só que nosso país precisa chegar às pessoas no contexto local”, ressalta.
Outro ponto destacado foi a identificação das ações de educação financeira voltadas a quatro grupos predominantes. Cerca de 31% dos projetos são voltados para crianças e adolescentes, visando o longo prazo. O segundo grupo engloba ações de abrangência nacional, representado por 25% das iniciativas partindo de consultorias especializadas, com características positivas por trabalharem com conteúdo especializado para os públicos que atendem. O terceiro grupo, correspondendo a 24% das ações, foi caracterizado por democratizar a educação financeira, e o quarto grupo, com 20% das iniciativas, é formado por empresas que tornam o tema parte do core business. “Elas buscam qualificar o tipo de relacionamento com seu cliente e com seus públicos de interesse, sendo 71% das iniciativas com foco em ofertar orientação ao cliente.
Como conclusão, o Mapeamento mostra a diversidade de instituições e iniciativas ligadas a educação financeira, revelando a importância de uma coordenação nacional que estimule a convergência das ações no sentido de ampliar o acesso da população. Segundo Silvia Morais, ficou claro que os públicos mais vulneráveis a conflitos de consumo, como idosos, crianças e moradores de regiões menos assistidas por órgãos de defesa do consumidor, carecem de ações especificas e mais da atenção dos patrocinadores dos projetos”.
Segundo os envolvidos, o estudo abriu um cenário de oportunidades. “Temos de desenvolver iniciativas para públicos e locais de maior vulnerabilidade. Também precisamos especializar as ações, pois cada público tem uma relação diferente com dinheiro. E, por fim, o setor varejista oferece grande oportunidade nas ações de educação financeira, bem como a sociedade civil e os órgãos de defesa do consumidor”, concluiu Silvia.
Para a diretora-executiva da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes, um dos grandes desafios do setor é ampliar e fortalecer a importância dos canais de diálogo. “A aproximação com o segurado é uma das prioridades do mercado de seguros que, cada vez mais maduro, fortalece suas ouvidorias e diversifica seus canais digitais”, avalia. A executiva destaca também que a indústria do seguro mundial tem como missão despertar no consumidor de seguros o interesse em buscar informações e procurar o produto que mais se adeque as suas necessidades. “Diante desse cenário, uma das oportunidades é ampliar o acesso à informação por meio da Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), um projeto governamental que iniciou em 2010, mas que ganhou força este ano com a Semana Nacional de Educação Financeira (http://www.semanaenef.gov.br/) que acontece em maio”, comenta.
De acordo com Daniel Snoder, que representou Edemir Pinto, diretor presidente da BM&FBovespa, o Brasil possui baixa taxa de poupança. “A BM&F tem o compromisso com a educação, e com ações de curto, médio e longo prazo, pois entendemos que esse tema depende de um trabalho cultural. Temos convicção de que a união de esforços vai impulsionar a cultura financeira do Brasil”.
Para Leonardo Pereira, presidente da CVM e do Conef, o sonho de educar financeiramente a população do Brasil só pode ser alcançado com mobilização em ampla escala da sociedade, com mudança cultural no médio e longo prazo. “Temos de pensar em agir de forma consciente ao longo de gerações.”, afirmou. Segundo ele, há também o desafio de ter ações de âmbito nacional. “O mapeamento hoje divulgado foi desenvolvido no espírito de colaboração e parceria de todos nós”, disse, acrescentando que a Semana de Educação Financeira, que será realizada entre 5 e 9 de maio, também só está sendo possível pela parceria entre várias instituições.
Luiz Edson Feltrim, diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania do Banco Central do Brasil, destacou que o Mapeamento permite conhecer os projetos e iniciativas. “Apenas com a parceria de todos conseguiremos alcançar os objetivos traçados pelo Enef, que é a tomada de decisões conscientes do cidadão na administração dos recursos.
Feltrim contou que o Banco Central tem sido procurado por vários reguladores de outros países e representantes de bancos centrais de todo o mundo, que querem conhecer o que está sendo construído no Brasil nos últimos anos. Dada a relevância do tema, em 2012, o BC estruturou uma área voltada para educação financeira, tendo como foco a estratégia de inclusão financeira.
Denise Pavarina, representante da Anbima, que reúne diversas instituições financeiras do mercado de capitais, afirmou que a Associação foi pioneira em lançar o primeiro site de Educação Financeira, em 2004, com o propósito de multiplicar os caminhos da Educação Financeira no Brasil. “Esse mapeamento conduzido pela Silvia Moraes traz um alinhamento das iniciativas em todo o pais, com perspectivas muito boas. Estamos convictos que devemos ter investidores educados para tomar decisões financeiras sustentáveis. Temos preocupação especial com os profissionais do mercado, para que atendam às necessidades dos investidores que chegam ao mercado”, afirmou.
Paulo Melo, diretor de Relações com o Mercado e Institucionais da Serasa Experian, afirmou que melhorar a educação financeira da sociedade é parte a missão da Serasa. “Desde 2001, inserimos esse tema em processos e práticas, atingindo diversos públicos, como consumidores, com feirões de negociação de divida, além de apoio e parcerias com Procons e centros judiciários”, relatou. Ele também ressaltou a importância da construção das bases de dados com cadastro positivo, instrumento que ajudará na concessão do crédito com práticas mais justas.
Murilo Portugal, presidente da Febraban, destacou a importância das entidades que financiam os projetos, como Anbima, BM&F, CNseg e Febraban. “Todas elas visam melhorar a qualidade de decisões financeiras, o que consequentemente ajudará a desenvolver o Brasil diante de uma população que tem maior consciência para usar o crédito e seguros, dois segmentos que crescem de forma rápida e que podem sustentar a realização de sonhos dos brasileiros”.
Fonte: Agência Brasil
População mais pobre do país continua carente de orientações financeiras, apesar de o Brasil ter tido expressivo crescimento das ações que proporcionam educação financeira. Há, porém,uma parcela da população sem acesso às informações que poderiam ajudá-la a usar melhor o dinheiro recebido por meio dos programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família. “ A gente precisa começar a diversificar e buscar formas mais criativas de levar essas informações a essa população de baixa renda”, defendeu hoje (15), Silvia Moraes, superintendente da Associação de Educação Financeira do Brasil ( AEF-Brasil).
Ela se referia ao resultado do 1º Mapa de Educação Financeira no Brasil, feito pelas Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), em parceria com a AEF-Brasil e Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), com patrocínio da Serasa Experian. O levantamento, no final de 2013, identificou 803 iniciativas de educação financeira, número oito vezes acima da apuração anterior (de 2009). Muitas das iniciativas funcionam no âmbito de órgãos e empresas públicas como o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários, Superintendência Nacional de Previdência Complementar, Superintendência de Seguros Privados e os ministérios da Fazenda e da Previdência Social.
Mais de metade das ações (60%) são de acesso gratuito, 50% delas disponíveis por meio da Internet, e um terço das iniciativas são do grupo Educação Financeira para o Futuro, desenvolvido por escolas públicas e privadas no atendimento a crianças e jovens. Só nas escolas públicas de ensino médio, as orientações deverão alcançar, em dois anos, aproximadamente 3 mil instituições. Segundo Silvia Moraes, ter cidadãos mais instruídos, significa que o país poderá elevar o nível de poupança e ter maior conscientização no consumo.
O mapa identificou que o acesso às orientações estão favorecendo mais os jovens estudantes, que têm mais facilidade para obter os dados, e por adultos mais velhos, entre 50 e 60 anos, ainda ativos no mercado de trabalho. “Quem se favorece é uma população economicamente ativa, mais consciente sobre a importância de tomar decisões”, apontou ela.
A executiva informou que também estão sendo analisados diferentes perfis de comportamento financeiro. Caso, por exemplo, das reações diferentes entre mulheres e aposentados para se estabelecer programas educacionais. “Tem mulher mais empreendedora, independentemente da condição socioeconômica; tem mulheres com dificuldade na tomada de posição financeira, por causa da baixa autoestima. E entender bem o comportamento, permite que a gente crie formas alternativas de chegar até elas”, justificou Silvia.