Vale guardar esse texto da Bloomberg: BB Seguridade é seguradora mais lucrativa do mundo

bloombergPor Bloomberg

Seguradora mais lucrativa dribla queda da economia no Brasil

A estratégia de carregar nos ombros as 5.400 agências bancárias para vender apólices está convertendo a BB Seguridade na seguradora mais lucrativa do mundo

Bovespa no IPO da BB Seguridade: as ações subiram 37% em São Paulo desde que o Banco do Brasil separou a companhia em abril

São Paulo – A estratégia da BB Seguridade Participações SA de carregar nos ombros as 5.400 agências bancárias da sua matriz corporativa para vender apólices está convertendo-a na seguradora mais lucrativa do mundo.

A companhia registrará um retorno de 44 por cento sobre as ações nos próximos 12 meses, a maior proporção entre as maiores seguradoras do mundo por valor de mercado, mostram as estimativas de analistas compiladas pela Bloomberg.

As ações subiram 37 por cento em São Paulo desde que o Banco do Brasil separou a companhia em abril, o melhor desempenho no índice financeiro BM&FBovespa Brazil. A concorrente local, Porto Seguro SA, ganhou 26 por cento, ao passo que o Ibovespa afundou 14 por cento.

Ao usar as agências do banco para vender seguros residenciais aos clientes que pedem hipotecas, e apólices de automóveis para os mutuários que procuram empréstimos para carros, a BB Seguridade economiza o dinheiro que seria usado para pagar os corretores. É uma vantagem que muitos dos seus colegas globais não têm, pois restrições regulatórias nos EUA e em outros países impedem que os bancos possuam seguradoras, segundo Howard Mills, conselheiro-chefe do grupo do setor segurador da Deloitte LLP, com sede em São Francisco.

“O maior desafio para as seguradoras é gerenciar os canais de distribuição, e a BB Seguridade tem à sua disposição a enorme rede do Banco do Brasil”, disse Rodolfo Amstalden, analista da Empiricus Research, com sede em São Paulo, que recomenda comprar as ações. Não há muitas empresas que podem oferecer um retorno sobre as ações superior a 30 por cento, e a BB Seguridade faz isso principalmente porque está apoiada pela estrutura do Banco do Brasil”.

Países como os EUA começaram a impor regras mais estritas para a indústria financeira após a crise de 2008, mas a regulamentação no Brasil não passou por grandes reformas, disse Amstalden.

O Banco do Brasil, que é estatal e opera a maior rede de agências bancárias no país, alienou 34 por cento da seguradora no ano passado, arrecadando R$ 11,5 bilhões (US$ 4,9 bilhões) na que foi a maior abertura de capital do mundo em 2013.

Embora vender através das agências do banco sempre fosse parte do plano de negócios, a demanda pela abertura foi discreta em meio a uma queda no mercado acionário do Brasil, disse Amstalden. Os resultados financeiros da empresa desde a venda das ações estão convencendo os investidores de que a estratégia está funcionando, disse.

A renda líquida ajustada da BB Seguridade foi de R$ 2,26 bilhões no ano passado, segundo dados compilados pela Bloomberg. A estimativa média de nove analistas foi de R$ 2,19 bilhões. Os gastos operativos em 2013 chegaram a US$ 218,3 milhões, comparados com uma média de US$ 4,01 bilhões entre as maiores seguradoras do mundo, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Os benefícios da relação com o Banco do Brasil vão além de simplesmente usar as agências do banco como canal de vendas, de acordo com Werner Suffert, diretor financeiro da BB Seguridade. A seguradora também obtém acesso a dados de clientes, que podem ser usados para estabelecer seus prêmios de modo mais eficiente, disse.

A empresa, com sede em Brasília, também se beneficia com um maior uso dos seguros no Brasil, disse Oliver Leyland, gerente de portfólios na Mirae Asset Global Investments.

No prospecto da sua abertura, a BB Seguridade disse que os prêmios para as apólices de seguro de vida vendidas no Brasil equivalem a 1,7 por cento do seu PIB, comparado com uma razão de 13,9 por cento no Taiwan e de 6,2 por cento na França.

“Os seguros são um setor que está sendo impulsionado por uma baixa penetração e uma alta demanda”, disse Leyland em entrevista por telefone de Nova York. “Gostamos da BB Seguridade”.

Ainda que alguns investidores possam evitar comprar ações de empresas controladas pelo estado, preocupados com que a intervenção do governo possa afetar os lucros, a BB Seguridade está bem gerenciada e o risco político para seu negócio é baixo, disse Amstalden da Empiricus.

“A BB Seguridade é uma exceção entre as empresas estatais”, disse ele. “É uma operação eficiente e capaz de sustentar taxas altas de crescimento no longo prazo. Recomendamos a compra”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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