Cultura de prevenção de riscos é cada vez maior no Brasil

MATÉRIAS EXTRAÍDAS DO PORTAL DA CNSEG (www.cnseg.org.br)

cnseg 20130919_seminario-controles-internosO primeiro painel técnico do Seminário de “Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão de Riscos”, evento da CNseg realizado nesta quinta-feira, em São Paulo, contou com palestra do presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antonio Gustavo Rodrigues, cujo órgão é subordinado ao Ministério da Fazenda. O órgão tem o papel de identificar fraudes em transações financeiras, inclusive lavagem de dinheiro, e de comunicá-las ao Ministério Público. Para isso, conta com a colaboração de instituições financeiras, como bancos e seguradoras.

Antonio Gustavo iniciou sua apresentação destacando um aspecto positivo: o aumento da conscientização da importância da cultura da prevenção de riscos no Brasil, que deixa de encarar certas situações como simples fatalidades. Para isso, usou um exemplo simples, mas muito significativo. Quando a maioria dos presentes ao Seminário era criança, os pais não exigiam que os filhos usassem cinto de segurança no carro, atitude que é completamente diferente nos dias de hoje. E essa mudança de mentalidade não se dá só no Brasil. Outra situação citada é a da legislação de alguns países, como França e Alemanha, que até há alguns anos, permitia que suas empresas descontassem do Imposto de Renda os valores pagos em corrupção em outros países.

Em seguida, o presidente da Coaf discorreu sobre o processo e a lógica de funcionamento do órgão. De acordo com as normas do setor, as instituições financeiras devem comunicar ao Coaf todas as transações que se enquadrem dentro de determinados critérios. Por exemplo, todos os depósitos bancários acima de R$ 100 mil devem ser comunicados. Além disso, os comunicantes também podem informar situações que considerem suspeitas. Assim, entre 1º de outubro de 2012 e 30 de junho de 2013, foram 137.829 comunicados encaminhados por 79 instituições. Esse grande volume, tratado por uma equipe de cerca de 12 analistas, obriga o órgão a elaborar critérios de classificação de prioridades, já que cerca de 95,58% destes são de baixa relevância.

Em meio a tantas informações, o Coaf criou recentemente um departamento de Inteligência Financeira, que opera na identificação de transações que, não sendo necessariamente ilegais, são suspeitas. Assim, por exemplo, uma pessoa que leva um grande montante de dinheiro vivo para ser depositado no banco pode acender uma luz vermelha, já que pode se tratar de lavagem de dinheiro.

Antonio Gustavo citou alguns exemplos de artifícios utilizados por criminosos para esse fim, como o ato de contratar um seguro de valor alto, pagar o prêmio em dinheiro e cancelar o seguro no dia seguinte para receber de volta um cheque da seguradora, que é aceito para depósito no banco com muito menos suspeita.

Apesar de recentes, os sistemas de identificação de lavagem de dinheiro têm se mostrado eficientes. Evidência disso é o aumenta da apreensão, pela polícia, de grandes quantias de dinheiro em espécie com criminosos que tiveram receio de levar as somas às instituições financeiras. “Há algum tempo, não havia a menor preocupação dos bancos, ou mesmo das seguradoras, em relação à questão, o que é completamente diferente hoje em dia”, afirmou.

Finalizando sua palestra, Antonio Gustavo ressaltou que, para que os processos de detecção de fraudes continuem a evoluir, é importante que a qualidade das informações fornecidas também evolua. Para tanto, é preciso que as instituições financeiras entendam cada vez melhor como funciona e para que se presta o Conselho de Controle de Atividades Financeiras.

cnseg painel-1---Nuno-Andre-_microfone_Seguradoras devem se antecipar ao risco operacional, em vez de apenas reagir

No segundo painel técnico do VII Seminário de Controles Internos, Auditoria e Gestão de Riscos”, realizado nesta manhã de quarta-feira, 19 setembro, em São Paulo, pela CNseg e Funenseg, Nuno André Vieira, da Consultoria EY, falou sobre como a gestão de riscos operacionais pode ser instrumento de criação e de preservação de valor.

“As organizações têm de pensar em gerenciar riscos operacionais não apenas sob uma perspectiva regulatória, como também para apoiar o negócio a diminuir custo, aumentar receita e gerenciar capital”, disse. Para que a área de Risco Operacional sirva de apoio ao negócio, ele destacou como necessária a existência de estruturas comuns na gestão de risco, incluindo metodologias.

Na avaliação do especialista, o Brasil já evoluiu bastante em riscos operacionais nos últimos dez anos. “As empresas têm adotados estruturas cada vez mais relevantes para gerenciar riscos operacionais, com o acompanhamento cada vez mais próximo do órgão regulador e apoio da CNseg”, afirmou.

Ele ressaltou, ainda, a importância da atuação das comissões técnicas da CNseg no apoio às seguradoras e o devido cumprimento destas das normas e regras regulatórias, “para garantir que haja mitigação de risco operacional”, disse.

Na previsão de Nuno Vieira, em dois ou três anos seguradoras deverão fazer mais do que fazem hoje em gestão de riscos operacionais. “É uma jornada de contínua evolução”, concluiu.

Luiz Pereira de Souza, da CNseg, que atuou como mediador, observou que a gestão de riscos operacionais não deve ser vista apenas pelo ângulo do desafio, custo e complexidade, mas como um instrumento que pode servir para a preservação de valores. Souza lembrou que a CNseg está à disposição do mercado e daqueles que ainda não dominam o assunto risco operacional.

cnseg painel-ouvidoria_sem_controles-internosOuvidoria pode contribuir com a gestão de riscos operacionais

“Um trabalho bem-feito de ouvidoria é suficiente para detectar fraudes internas e externas nas seguradoras”. A afirmação é ouvidor do grupo BNP Paribas Cardif do Brasil, Alexandre Pestilli, palestrante do quinto painel do VII Seminário de Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão Riscos, realizado nesta tarde de quinta-feira, 19 de setembro, em São Paulo.

Segundo Pestilli, a essência da ouvidoria é receber, registrar, analisar e dar tratamento formal e conclusivo às reclamações de segundo nível dos clientes, dentro do prazo legal. Nesta função, ele acredita que o ouvidor pode ser muito útil na identificação de fraudes, sobretudo as externas, devido a seu contato direto com o consumidor. “Um cliente que usa indevidamente um equipamento ou que usa excessivamente um canal para reclamação pode ser um caso suspeito”. Pestilli comentou sobre o caso de fraude de superfaturamento de peças de reposição de máquina de lavar, descoberto pelo próprio segurado.

A ouvidoria também pode ajudar a identificar fraudes em sinistros, como a falsificação de documentos, por exemplo, atuando em conjunto com os analistas e reguladores de sinistros. Pestilli contou que já se deparou com casos de reclamação do próprio fraudador. “Ele percebe que sua indenização poderá ser negada e usa todos os canais para reclamar, até mesmo recorrendo à Susep”, disse.

Para Silas Rivelle Junior, presidente da Comissão de Ouvidoria da CNseg, a ouvidoria ajuda a livrar a empresa da exposição de risco, por meio das recomendações. “O trabalho da ouvidoria tem de andar em conjunto com o compliance e gestão de riscos”, disse.

O papel da Auditoria Interna na busca da qualidade do monitoramento

Nenhuma atividade econômica pode sobreviver sem uma definição de parâmetros, regras, controles e normas de funcionamento. Mas para que esses parâmetros, regras, controles e normas sejam seguidos, é preciso que existam meios e procedimentos para sua verificação, que são os mecanismos de Controles Internos. Entretanto, mesmo os Controles Internos devem ter a sua qualidade de monitoramento das atividades aferida, no caso, pela Auditoria Interna. Foi o que afirmou Assizio Oliveira, presidente da Comissão de Comissão de Controles Internos da CNseg, durante a palestra “Auditoria Interna e sua relação com a gestão de Riscos Operacionais”, no seminário Controles Internos & Compliance, realizado pela CNseg, nesta quinta-feira, 19, em São Paulo.

E para que a Auditoria Interna seja eficiente, deve considerar, em primeiro lugar, a avaliação dos processos de Controles Internos, já que é quando se identificam eventuais desvios com relação aos modelos. Assizio também ressaltou as outras duas vertentes do trabalho do auditor, que são a realização de testes de aderência e a intervenção em situações anômalas.

Mas não basta que as empresas gastem rios de dinheiro em sistemas de auditoria ou tenham os melhores modelos de cálculo de capital se não houver investimento em capital humano, o que inclui uma eficiente seleção dos colaboradores, explicou o presidente da Comissão de Controles Internos. De acordo com pesquisa feita por ele em fontes disponíveis na internet, cerca de 2% da população têm propensão a condutas antissociais, delitivas ou desviantes, o que significa que, no Brasil, com uma população de 200 milhões, cerca de 500 mil se enquadram nesse perfil.

E como, segundo ele, por melhor que sejam os processos de seleção de pessoal, sempre poderá haver alguém com esse perfil dentro das instituições. Então, “é inútil demitir os fraudadores, um após o outro, e permitir que as oportunidades de fraudar permaneçam”. Por isso, além da apuração de eventuais desvios, cabe à Auditoria Interna sugerir o tratamento dos resultados da apuração e recomendar medidas para prevenir a repetição da situação e a melhoria do monitoramento.

Encerrando sua apresentação, que teve a moderação do superintendente de Regulação da CNseg, Alexandre Leal, Assizio definiu o auditor interno como aquele que tem o papel de “ouvir as coisas internas” para proteger a empresa.

Área de Controles Internos está mais presente na agenda do mercado

O número de participantes do VII Seminário de Controles Internos, Auditoria e Gestão de Riscos, realizado no Hotel Tivoli Mofarrej, em São Paulo- cerca de 300 pessoas- foi avaliado positivamente pelo presidente da missão de Controles Internos da CNseg, Assizio Oliveira, ainda na abertura do evento. Para ele, o tema controles internos está cada vez mais presente na agenda do mercado. “O tema é tão importante que está presente nos programas de formação da Funenseg”, acrescentou o diretor da Escola Nacional de Seguros, Renato Campos Martins Filho, lembrando que a matéria controles internos faz parte também do conteúdo programático dos cursos de habilitação de corretores, que forma por ano 10 mil alunos.

Convidado a participar da abertura do evento, o presidente da Bradesco Vida e Previdência, Lúcio Flávio Conduru, confessou que tempos atrás não entendia importância de controles internos. “Hoje, no quarto ano como presidente, mudou minha perspectiva, pois entendo que os controles internos têm de estar presente nas empresas, principalmente, porque a concorrência cada vez maior fará as margens diminuírem”, disse. A seu ver, está se desenvolvendo no País cultura do seguro. “Prova disso é este auditório lotado para discutir um tema que não despertava tanta atenção no passado”,disse.

Brasil é o oitavo maior em saúde suplementar, apesar de gasto per capita baixo

O Brasil é o oitavo maior mercado em saúde do mundo, mas o gasto per capita ainda é baixo e, consequentemente, a rentabilidade também. Com estas notícias – uma boa e outra má, Flávio Bitter, diretor técnico Operacional da Bradesco Saúde, iniciou a apresentação do tema “O Desafio da Gestão de Riscos na Saúde Suplementar”, durante sua participação no VII Seminário de Controles Internos & Compliance, Auditoria e Gestão de Riscos, nesta quinta-feira, 19. A palestra foi a penúltima do evento, realizado pela CNseg e Funenseg, em São Paulo.

Mas, o controle da escalada de custos no segmento de Saúde Suplementar é apenas um dos muitos desafios dos gestores, segundo Bitter. Ele apontou como grande vilão do sistema o VCMH (Variação dos Custos Médico-Hospitalares), índice mais conhecido como “inflação médica”, que é composto pelos custos de consultas e exames e da frequência de utilização dos serviços pelos usuários.

Pelos cálculos de Bitter, a inflação médica atingiu seu pico máximo no final do ano passado, atingindo 15%, percentual três vezes maior que o índice oficial de inflação do País apurado no mesmo período.

Com base nos dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Bitter expôs em gráfico um retrato da dinâmica de custos nas operadoras de saúde, medido pela variação da sinistralidade por trimestre. O detalhe que chamou a atenção foi a volatilidade da sinistralidade em relação ao número de vidas das operadoras. “Quanto menor a carteira, maior a sinistralidade. Portanto, escala em plano de saúde é fundamental”, disse.

Ele apontou que o aumento de custos em saúde está relacionado às três transições atuais: epidemiológica, demográfica e tecnológica. Segundo Bitter, alguns tipos de doenças mais preponderantes variam de acordo com o grau de desenvolvimento dos países. Os que estão no grupo de países em desenvolvimento, apresentam prevalência de doenças infecciosas e de desnutrição, devido à falta básica de ambiente sanitário adequado. Já os países mais desenvolvidos, apresentam a predominância de doenças crônicas, como diabete e doenças cardíacas, ambas relacionadas ao mau hábito de vida.

O Brasil, segundo ele, está “no meio do caminho”, ou seja, apresenta a incidência de doenças dos dois grupos de países. Porém, o aumento de doenças crônicas gera uma agravante nos custos de saúde, porque são mais difíceis de tratar. A mesma situação ocorre na atual etapa de transição demográfica, cujo fator de maior transformação na pirâmide etária brasileira é o aumento longevidade. “A população envelhece de maneira rápida, enquanto a taxa de natalidade cai”, observou.

Já os impactos da transição tecnológica sobre a saúde podem ser mensurados, segundo Bitter, pelo aumento dos custos de tratamento de determinadas doenças. Ele expôs como exemplo a evolução dos protocolos quimioterápicos para tratamento de câncer de mama, nos quais os medicamentos aumentaram quase 10.000% nos últimos anos. “Se, por um lado, dispor de novas tecnologias para tratamento é uma ótima notícia, por outro, a pressão que exercem sobre os custos é ruim”, disse. “Não somos contra a incorporação tecnológica, mas defendemos que seja feita de maneira séria, com base em estudos”, complementou.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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