Um novo mundo para seguros. Esse é praticamente o cenário que as companhias de seguros vão enfrentar quando a proposta da fase 2 das regras contábeis, conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS 4), estiverem prontas. Tudo entrará em vigor somente após três anos contados a partir da regulação das propostas. E quando será isso? A previsão mais otimista é a partir de 2018.
Há 15 anos as regras visam tornar os balanços das seguradoras do mundo inteiro comparáveis. Em junho deste ano, as linhas gerais foram divulgadas pelo International Accounting Standards Board (IASB), organização internacional que padroniza os critérios contábeis adotados mundialmente. No dia 25 de outubro é o prazo final para o período de comentários às minutas.
A consultoria KPMG acredita que em 2015 a norma final seja concluída, com três anos de prazo para adaptação. Assim, em 2018 os balanços de todas as seguradoras do mundo poderão ser comparados. “Tudo isso são promessas. Ainda há muito para ser discutido”, comentou Luciene Teixeira Magalhães, sócia da KPMG na área de seguros, em palestra sobre o assunto realizada nesta quinta-feira, 22, em São Paulo, promovida pela CNseg.
Na semana passada, por exemplo, França e Alemanha se manifestaram contra várias normas do IASB”, acrescentou Jens Erik Hansen, sócio da KPMG com atuação na Europa. Ele afirma que os representantes do IASB estão decididos a finalizar esse assunto, por considerarem que não é aceitável que normas tão importantes fiquem mais de 15 anos em discussão.
Pelo sim, pelo não, a melhor saída é participar das discussões, aprender e poder defender posições que sejam cabíveis para implementação. Pensando assim, a CNseg formou parceria com a KPMG para a realização dessa palestra, com o objetivo de elucidar dúvidas e compartilhar ideias, desde sobre as dificuldades de execução como sugestões para tornar processos mais simples e viáveis. Segundo o superintendente de Regulação da CNseg, a regulamentação da área de seguros é complexa e interligada mundialmente, sendo que o grande desafio é lidar com as diferentes exigências impostas globalmente às empresas do setor. O debate do assunto, na sua opinião, é uma forma de contribuir para que um tema tão complexo se torne mais amigável a todos.
A fase 1, já adotada no Brasil, foi mais simples e todos ficaram confortáveis. “Mudaram os conceitos, mas todos puderam manter as práticas que já vinham sendo adotadas. Mas agora o trabalho será mais pesado, ou seja, exigirá muito mais de todos. “São normas complexas, que exigem muita discussão e dedicação dos profissionais”, afirmou Luciene em sua apresentação.
O tema é extremamente controvertido mundialmente, pois as seguradoras contabilizam os ativos pelo valor justo e o passivo é contabilizado nas provisões técnicas. Isso causa flutuações de juros nos ativos, provocando volatilidade nos resultados das seguradoras. O grande propósito é fazer que os passivos também sejam contabilizados a valor justo, ou seja de mercado”, disse o consultor. No entanto, tal mudança tem oposição das seguradoras pelo custo alto e por afetar de maneira profunda a estratégia operacional. “No Brasil estamos no meio do caminho, porém as discussões são necessárias para que possamos levar propostas brasileiras para o tão esperado dia 25 de outubro”, alertou a executiva da KPMG, empenhada em ajudar a todos no que for preciso para tornar essa fase 2 do IFRS um momento de grande avanço na contabilidade mundial.