Standard & Poor’s eleva ratings de crédito de contraparte atribuídos à Austral Seguradora S.A. e à Austral Resseguradora S.A.

australA Standard & Poor’s Ratings Services elevou os ratings de crédito de contraparte atribuídos à Austral Seguradora S.A. e à Austral Resseguradora S.A. (aqui denominadas conjuntamente “Austral” ou “grupo” ou “companhia”), de ‘brA-’ para ‘brA+’. A perspectiva é estável.

Fundamentos
Analisamos a Austral Seguradora e a Austral Resseguradora de forma consolidada e, consequentemente, seus ratings se equiparam. Os ratings refletem a nossa visão sobre o perfil de risco de negócios “vulnerável” do grupo e o seu perfil de risco financeiro “adequado inferior”, refletindo uma posição competitiva “menos que adequada” e uma avaliação “forte” de capital e rentabilidade, mas uma posição de “risco alto”.

Nossa avaliação do risco da indústria seguradora de um país (IICRA, na sigla em inglês para Insurance Industry Country Risk Assessment) para o segmento de ramos elementares (P&C, na sigla em inglês para Property & Casualty) do Brasil é “intermediária.” A Austral enfrenta um risco-país “intermediário” e um risco “baixo”da indústria. Nossa classificação de risco-país se baseia nos riscos dos sistemas econômico, político e financeiro do Brasil, sendo que os dois primeiros se baseiam nos nossos critérios de ratings soberanos, e o último nos critérios do BICRA (ver BICRA do Brasil permanece no Grupo ‘4’; Perspectiva de seis bancos alterada para negativa pelo aumento no risco econômico e no risco da indústria e Rating ‘BBB’ de longo prazo em moeda estrangeira do Brasil reafirmado; perspectiva permanece estável). A nossa avaliação de risco “baixo” da indústria se ampara nos níveis bons e estáveis de rentabilidade do setor, somada aos padrões adequados de subscrição, com exposições a riscos administráveis. Também consideramos que os potenciais riscos em geral provenientes de catástrofes são moderados, dadas a composição do portfólio da indústria e a baixa incidência de desastres naturais no país. Consideramos que a supervisão e o histórico regulatórios do mercado local são adequados, promovendo um desempenho satisfatório da indústria e crescente competição nos últimos anos. Adicionalmente, o regulador monitora frequente e adequadamente toda a indústria.

A Austral tem uma posição competitiva “menos que adequada,” em nossa visão, derivada sobretudo de sua natureza start-up, a qual resulta numa pequena presença de mercado e num subdesempenho quando comparado à média do mercado. Ambas as companhias reportaram lucros em 2012, somente após dois anos de operação. O negócio de resseguros apresentou taxas de crescimento significativas em termos de prêmios subscritos. Ainda assim, a rentabilidade tem sido menor e o índice combinado maior que os dos pares. Futuramente, a posição competitiva poderá se beneficiar de uma diversificação adequada nas linhas de negócios de seguros e resseguros. Por outro lado, a Austral precisará se empenhar mais do que seus pares para consolidar a marca, visto que é nova e não pode se alavancar sobre uma marca forte de um controlador.

A avaliação do capital e rentabilidade do grupo é “forte”, a qual acreditamos continuará entre 2013 a 2015, amparada pelo fortalecimento da rentabilidade. Isso deverá possibilitar ao grupo manter capital que ultrapasse nosso benchmark para o rating ‘AA’. Consideramos a adequação de capital do grupo como extremamente forte em termos consolidados. No entanto, a capitalização é significativamente mais forte no nível do ressegurador e, de acordo com o nosso cenário de caso-base, esperamos que essa situação persista. Vemos esse índice de forma consolidada, dada a estrutura do grupo; qualquer uma das companhias pode pagar dividendos à empresa holding a fim de capitalizar uma a outra.

Assumimos um lucro líquido consolidado em torno de R$ 8-10 milhões para 2013 e entre R$ 12-16 milhões para 2014. Esperamos que a resseguradora seja a principal contribuidora para os resultados do grupo. A Austral Resseguradora já tem uma escala maior e apresentou taxas de crescimento significativamente mais altas do que às da seguradora em 2012 e assumimos que isso continuará. Embora projetemos taxas médias de crescimento de, pelo menos, 12% para a seguradora em 2013 e 2014, a nossa média estimada de crescimento para a resseguradora gira em torno de 40%-45%.

Em nossa visão, a posição de risco da Austral reflete “risco alto”. Observamos um crescente apetite por risco do grupo, conforme se evidencia pelas taxas de crescimento muito altas da resseguradora. Como a abertura do mercado ressegurador no Brasil é recente, notamos que nos últimos anos aumentou-se rapidamente os participantes do setor e o ambiente tem se tornado mais competitivo, fazendo com que algumas companhias adotem riscos mais altos. Apenas contrabalançando parcialmente isso, consideramos as diretrizes de investimento do grupo conservadoras. Em dezembro de 2012, em uma base consolidada, 87,5% dos investimentos estavam alocados em títulos públicos e 12,5% em fundos de investimento de renda fixa de boa qualidade de crédito.

A Austral apresenta flexibilidade “menos que adequada”, em nossa visão. Atualmente, a única fonte de capital do grupo são as contribuições de capital dos acionistas. A já ampla utilização de resseguros na Austral Resseguradora também limita parcialmente a flexibilidade financeira.

Consideramos a gestão integrada de riscos (ERM, na sigla em inglês para Enterprise Risk Management), a administração e as práticas de governança corporativa do grupo como fatores que enfraquecem ligeiramente seu perfil de crédito. De um modo geral, a nossa avaliação de ERM é adequada, refletindo nossa visão de que a cultura de gestão de riscos, os controles de riscos e a gestão estratégica de riscos têm sido suficientes até o momento. No entanto, consideramos que a Austral possa estar subestimando potenciais riscos emergentes que poderiam surgir pelo rápido crescimento que a companhia vem experimentando, afetando a sua volatilidade de perdas no futuro. Além disso, consideramos a ERM de alta importância para a companhia, dados a sua natureza start-up, o curto histórico de resseguros (excluindo-se o IRB-Brasil Resseguros S.A) e o negócio de seguro garantia no Brasil.

A avaliação da administração e governança da Austral é “regular,” em nossa opinião, refletindo principalmente o curto histórico da companhia, o qual fornece evidência limitada sobre a eficácia de sua administração. No entanto, consideramos que a administração conta com expertise adequada e capacidades para transformar estratégias em ações. Até o momento, vemos que o grupo tem tido sucesso ao se expandir e melhorar consistentemente o desempenho operacional.

Consideramos a liquidez da Austral como “adequada” em função da solidez de suas fontes de liquidez disponíveis, principalmente a boa qualidade do portfólio de ativos alocados sobretudo em títulos públicos. Grande utilização de resseguros também incrementa a liquidez ao limitar exposições a riscos.

Perspectiva
A perspectiva estável dos ratings da Austral leva em consideração o desempenho prospectivo. Esperamos que o grupo mantenha uma posição competitiva “menos que adequada” principalmente impulsionada pela pequena participação de mercado e por uma marca não consolidada. A perspectiva incorpora uma projeção de melhora de certa forma no desempenho operacional tanto na seguradora quanto na resseguradora e forte capitalização para 2013-2015. Esperamos um lucro líquido em torno de R$ 8-10 milhões em termos consolidados para o exercício de 2013 e entre R$ 12-16 milhões para o de 2014. Acreditamos que ambas as companhias continuarão ampliando sua escala. Elas melhorarão seu desempenho operacional por meio da amortização de custos operacionais frente a uma grande base de prêmios, atingindo índices combinados de 85%-90% no longo prazo.

Não esperamos elevar os ratings da Austral nos próximos dois anos com base no fato de que não pensamos que a companhia será capaz de construir massa crítica muito mais rápido do que o esperado e mudar sua posição competitiva substancialmente.

Por outro lado, poderemos rebaixar os ratings se:

A Austral não atender nosso caso-base de expectativas de desempenho operacional registrando perdas em 2013-2014.
A companhia não conseguir sustentar fortes níveis de capitalização de acordo com o nosso modelo de capital e cumprir com as exigências regulatórias de capital.
Observarmos um aumento no apetite por risco, o qual consideramos como uma avaliação fraca de ERM.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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