AIG quer voltar à liderança

MATÉRIA PUBLICADA PELA REVISTA APÓLICE EM FEVEREIRO

Full potencial. Esse é o nome dado ao plano de ataque do grupo AIG para voltar a liderança mundial, perdida em setembro de 2008, quando foi socorrida pelo governo dos EUA com um aporte de US$ 182 bilhões. Quatro anos depois, quitou a sua dívida com o governo americano e acaba de colocar no ar uma campanha institucional agradecendo aos contribuintes a ajuda pontual no momento agudo da crise financeira.

Para Jaime Calvo, que assumiu o comando da operação brasileira no final de 2012, chega de crise. A palavra é oportunidades. “Brasil e China são os principais países na mira dos investimentos dos acionistas da AIG. Pensamos no longo prazo. Então mãos à obra”, diz ele, decidido a construir uma história de sucesso do grupo no Brasil com o apoio da matriz. “Todo o board esteve aqui em dezembro. Visitamos clientes, corretores, parceiros”, conta. Parceiros? “Temos interesse em associações que façam sentido”, comenta, lembrando que a sociedade com o Unibanco, que durou 11 anos (1997 a 2008), foi um grande sucesso.

Independentemente da ter um parceiro que acelere o ritmo de crescimento, a AIG constrói uma operação com foco no crescimento das vendas de seguros para corporações, famílias e indivíduos. Os produtos vão das complexas apólices para riscos cibernéticos até o seguro de carro online. Microsseguros pode vir a fazer parte do portfólio, caso o grupo conquiste algum parceiro que tenha foco nas apólices de menor valor. “Esse é um nicho que requer grande investimento”, diz.

A prioridade atual é crescer com sustentabilidade, garantindo a qualidade de serviço e inovação, duas características que fizeram da AIG a maior do mundo no passado. Para isso, todos estão envolvidos em elencar o que é necessário para isso, considerando-se sistemas, back-office, contratação de pessoas, treinamento, escolha de parceiros bem como áreas geográficas mais potenciais e nichos de mercado em que a AIG pode fazer a diferença. “Lançamos o seguro ambiental há anos e até hoje nosso produto se destaca entre os concorrentes”, comenta.

Para fazer e acontecer, é preciso ter as pessoas certas e bem treinadas. Em três anos, o número de funcionários saltou de uma dúzia para 310 e deve encerrar 2013 com mais 150 que estão em fase de contratação. Duas vagas foram preenchidas recentemente. Um executivo do Bradesco foi contratado para a filial de Curitiba e um do Itaú para a de Belo Horizonte, informa Fábio Cabral, cujo cargo é uma novidade até mesmo dentro do grupo AIG. Ele é o responsável pela venda e também pela subscrição de seguros gerais. “Minha missão é otimizar a sinergia entre as duas equipes para que a seguradora cresça com rentabilidade”, diz ele, que divide esse desafio com o de criar gêmeas idênticas que nasceram em novembro passado.

Aos olhos dos executivos, o Brasil tem muitas oportunidades e é preciso estar preparado para aproveitá-las diante de um cenário tão competitivo. “Estamos analisando diversas frentes de negócios. As consultorias já fizeram o trabalho delas e agora cabe a nós avaliarmos o que precisamos para o conselho aprovar na reunião trimestral que acontece em Nova York. A próxima é no final de fevereiro”, conta ele em um descontraído almoço.

A meta dos executivos da AIG é passar de um market share de 0,5% em seguros patrimoniais para 3,7% em 5 anos. Um passo importante conquistado foi a capacidade de US$ 250 milhões por risco no contrato de resseguro com a matriz. Estão previstos 15 produtos inovadores para serem lançados em 2013 para os clientes corporativos.

Em linhas pessoais, segmento que o grupo praticamente começa a desenvolver, a meta até 2017 é ter participação de 1,2%. Isso sem considerar uma fusão ou compra de canal de vendas. “Uma parceria pode mudar muito tudo isso”, diz Calvo. Ou seja, a AIG está decidida a ser líder no mundo e para isso precisa crescer rápido no Brasil. Sinal de que teremos muitas notícias daqui para frente do grupo.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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