O “Insurance Information Institute” divulgou recentemente estatísticas atualizadas sobre o mercado de seguro de automóvel nos Estados Unidos. O economista Francisco Galiza fez uma análise interessante sobre os números, comparando-os com o mercado brasileiro em sua seção “Comentários Econömicos”, que acumula uma série de estudos e análises vitais para quem quer entender um pouco mais desta complexa indústria de seguros.
O mercado de seguros automóvel dos EUA é infinitamente maior do que o brasileiro. Lá, as seguradoras venderem US$ 160 bilhões em 2010, enquanto aqui temos prêmios de US$ 13,1 bilhões. Enquanto os americanos se preocupam mais em comprar proteção para indenizar terceiros, os brasileiros pensam mais em repor a perda do veículo em si. Desses valores, US$ 62,6 bilhões nos EUA são para a cobertura de perdas com o veículo e US$ 97,7 bilhões em cobertura de responsabilidade civil, que serve para indenizar terceiros prejudicados pelo segurado de automóvel. No Brasil, essa relação é de US$ 10,6 bilhões para o casco e de US$ 2,5 bilhões para terceiros.
Há grande expectativa de que essa diferença seja reduzida com a entrada dos novos consumidores no mercado brasileiro. Afinal, as vendas de carros batem recorde e a Justiça começa a ganhar mais velocidade, o que geralmente estimula a consciência de risco das pessoas, levando-as a priorizar a compra do seguro de responsabilidade civil, bem como num patamar de cobertura mais elevado para fazer frente aos valores reais de reposição de perdas causadas a terceiros.
Em média, o Brasil representou 8% do mercado americano, mas o comportamento não foi uniforme, explica Galiza. “Aqui, a proporção de seguro de responsabilidade civil é ainda relativamente pequena, de apenas 3%, enquanto o seguro do casco representa 17%”. No Brasil, 7,2% dos veículos segurados sofreram colisão no ano em 2010. Nos EUA, essa proporção é um pouco menor (5,7%).
Outro número interessante da comparação das carteiras de carro dos dois países é que a indenização média paga aqui por este tipo de sinistro é de US$ 3.381, acima dos US$ 2.776 praticados no mercado americano. “Fatores cambiais, tributos elevados, uma frota mais nova e uma maior preocupação com as condições do veículo (em relação à responsabilidade civil) podem ser motivos para essa defasagem para o Brasil”, explica o consultor em sua análise.
A concentração de seguradoras também chama a atenção. Em 2010, as dez maiores seguradoras de automóveis dos EUA detinham 68% da receita de todo o mercado. No Brasil, nesse mesmo período, o valor das 10 primeiras nesse ramo foi de 93%. Todas elas são seguradoras independentes. No Brasil, apenas a Bradesco, ligada ao terceiro maior banco do país, está entre as cinco maiores em 2010. Temos um mix de seguradoras independentes até 2010, mas que começou a mudar. A Porto Seguro, a maior em seguro de carro, se associou ao Itaú, maior banco privado; a espanhola Mapfre é hoje a parceira do Banco do Brasil, maior banco do país. As independentes SulAmérica e Liberty estão entre as cinco maiores.
No entanto, quem vem ganhando cada dia mais market share é a Zurich. A seguradora suíça fez um acordo com o Santander, quarto maior banco do Brasil, que até o momento não envolve automóvel. Mas é certo que esse quesito deve mudar em breve. Também temos de considerar que o Brasil é o favorito para a terceira posição no ranking global de maiores mercados de veículos do mundo em 2016, com vendas entre 4 milhões a 6 milhões de veículos, após encerrar 2011 com vendas de 3,6 milhões de unidades. Isso o deixa atrás de China e Estados Unidos, segundo levantamento da consultoria KPMG, divulgado em janeiro último. De acordo com o estudo, o caminho para o Brasil está mais fácil em razão do momento recessivo vivido por países da América do Norte, Europa e Japão.
Esse potencial de vendas de carros atrai a entrada de novas seguradoras no mercado brasileiro, muitos deles interessados na venda online, já que os canais bancários e as redes de concessionárias já foram negociados. Claro que sempre há interesse em renogociar parceiros. De uma forma ou de outra, a tendência é de que no médio prazo a atual distribuição de market share no Brasil vai ser alterada. Por mais ameaças que os corretores tradicionais possam fazer, o cliente é quem vai determinar como comprará seu seguro. Acredito que será sempre com o corretor, mas de forma online. Afinal, quem tem tempo e dinheiro a perder?
O estudo completo pode ser visto no link http://www.iii.org/facts_statistics/auto-insurance.html.
Realmente o brasileiro não tem muita noção de que se ele causar dano ao terceiro é obrigado a repara-lo, e este mercado tem muito potencial para crescimento especialmente para carros mais antigos.
Os canais de venda online serão a nova tendência nos próximos anos, porém se o consumidor não tiver a orientação de um corretor habilitado poderá ter dor de cabeça na hora do sinistro.
Denise, legal, um grande abraço…