Brasil enfrenta riscos com protecionismo no resseguro, afirmam entidades internacionais

A Association of Bermuda Insurers and Reinsurers (Associação das Seguradoras e Resseguradoras das Bermudas) divulgou nesta semana um release com o título “2011 Cat Losses Demonstrate Brazil’s Enormous Risk with Protectionist Reinsurance Regulation” (Catástrofes de 2011 demonstram o enorme risco do Brasil com o protecionismo do resseguro).

O texto, publicado em várias mídias internacionais, informa sobre as principais perdas causadas por desastres naturais em 2011 e faz um alerta aos leitores sobre o perigo de países que têm legislação protecionista. Segundo o comunicado, dos mais de US$ 105 bilhões em perdas com catástrofes no mundo em 2011, 45% foram pagos por resseguradores globais situados fora do local onde ocorreram os prejuízos. Se tais eventos tivessem acontecido no Brasil, forçaria as resseguradoras domésticas a pagarem indenizações volumosas, uma vez que a atuação do mercado internacional está limitada e isso faz com que o risco fique concentrado no país.

“O terremoto do Chile, que ocorreu em 2010, estava totalmente ressegurado. Das indenizações pagas, 95% contavam com um programa de resseguro”, observou Brad Kading, Presidente da Associação de Resseguradroas das Bermudas (ABIR). “Apesar de perdas recordes, as resseguradoras são financeiramente fortes e pagaram as indenizações sem problemas, pois não estavam localizadas no mesmo ambiente onde ocorreu a perda”.

Já no Brasil, diz o texto, a regulamentação faz com que 40% do risco seja colocado em resseguradoras locais. Apenas 20% do contrato pode ser repassado pela local para a matriz, concentrando o potencial de perda para a economia brasileira. “Isso significa que o Brasil não receberia o amparo econômico do resseguro como vimos na Austrália, Nova Zelândia Japão e Tailândia no ano passado, bem como no Chile, em 2010″, afirmou Frank Nutter, presidente da Reinsurance Association of America.

De acordo com o comunicado, enquanto o Brasil é conhecido por não sofrer com terremotos ou furacões, o país está exposto a perdas catastróficas na agricultura em razão das mudanças climáticas (as perdas no Sul são grandes), com as inundações no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, e também com danos causados nas instalações de produção de petróleo, obras de infraestrutura, incêndio e explosão em parques industriais, terrorismo/vandalismo (temos aqui o caso de Belo Monte) ou outros eventos causados pelo homem.

“O Brasil tem tido uma série de inundações catastróficas nos últimos anos. Em outras partes do mundo tais perdas de seguro são em grande parte ressegurados para evitar um acúmulo de perdas que podem afetar a capacidade das seguradoras domésticas”, afirmou David Matcham, CEO da International Association of London Underwriting.

O comunicado reforça que o Brasil é hoje a sétima maior economia do mundo, em grande parte como resultado de seu comércio internacional, mas que o rápido crescimento deixou a economia vulnerável a grandes perdas catastróficas semelhantes às sofridas em outras economias de rápido crescimento, como Tailândia e Chile, ambas com regras flexíveis para a atuação do resseguro como uma operação mundial. “Um mercado global de resseguros é vital para o Brasil proteger sua economia e os investimentos de longo prazo”, disse Robert Hartwig, presidente e economista para o Insurance Information Institute.

Embora os EUA e a Europa tenham sido poupados do maior eventos de perda global em 2011, eventos anteriores como o furacão Katrina e a tempestade Xynthia demonstram a importância da pulverização de risco proporcionada pelo mercado global de resseguro. As indenizações foram pagas com tranquilidade, viabilizando a retomada da economia nas regiões afetadas.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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