A crise financeira reduziu a capacidade do mundo de lidar com choques. A severidade e a frequência dos riscos para a estabilidade econômica global cresceram enquanto a capacidade dos sistemas de governança global de enfrentar esses riscos estagnou. Essas são as conclusões da sexta edição do relatório Riscos Globais 2011 do World Economic Forum, lançado hoje.
“Os sistemas do século 20 não conseguem administrar os riscos do século 21; precisamos de novos sistemas em rede capazes de identificar e resolver riscos globais antes que se tornem crises globais,” afirma Robert Greenhill, Managing Director e Chief Business Office do World Economic Fórum, segundo nota distribuída a imprensa.
Publicado em cooperação com a Marsh & McLennan Companies, a Swiss Reinsurance Company, Wharton Center for Risk Management e Zurich Financial Services, o relatório Riscos Globais 2011 representa a experiência de 580 profissionais de vários grupos e regiões que responderam à Pesquisa de Riscos Globais 2010 do World Economic Forum, mensurando a percepção da probabilidade de risco, seu impacto e suas interconexões em relação a 37 riscos globais em um prazo de 10 anos. Os resultados da pesquisa são incluídos no relatório. Riscos Globais 2011 também analisa uma série de riscos emergentes e resultados atípicos do cenário de risco global desse ano que podem nos surpreender no futuro.
Veja a seguir um resumo do estudo divulgado pela Swiss Re:
Aspectos específicos, como a disparidade global e as falhas da governança global estão moldando a evolução de muitos outros riscos mundiais e reduzem a nossa capacidade de enfrentá-los. A interconexão e complexidade dessas questões levam à consequências imprevistas, e, com frequência, os mecanismos tradicionais de responder a esses riscos simplesmente transferem os riscos para outras partes interessadas ou áreas da sociedade.
Combinando metodologias de pesquisa quantitativa e qualitativa, Riscos Globais 2011 revela três principais grupos de riscos que estão criando grandes problemas para a próxima década:
· Riscos Macroeconômicos: a crise financeira global nasceu de fraquezas estruturais de longo prazo da economia global. Os desequilíbrios macroeconômicos, as crises fiscais em economias desenvolvidas, imensos prejuízos sociais e mercados financeiros enfraquecidos representam um eixo complexo de riscos econômicos. O endividamento causado pela crise reduziu a capacidade de enfrentar choques futuros a níveis extremamente baixos. “Na maioria dos países industrializados as atuais políticas fiscais não são sustentáveis. Na ausência de correções estruturais mais profundas, enfrentamos um risco muito alto de calotes em dívidas soberanas”, explica Daniel M. Hofmann, Economista Chefe da Zurich Financial Services. Christian Mumenthaler, Chief Marketing Officer, Resseguro e Membro do Conselho Executivo da Swiss Re, da Suíça, comentou que: “As despesas no longo prazo que carecem de recursos, criadas pelo envelhecimento da população, sinalizam o crescimento contínuo das pressões fiscais. É somente com a adoção de parcerias público-privadas que podemos garantir uma resolução para os desafios financeiros associados a esse fenômeno e assegurar que a questão de maior longevidade continue sendo uma tendência positiva para a sociedade.”
· O mercado paralelo: um número maior de Estados frágeis e fracassados, o crescimento do mercado negro, o crime organizado e a corrupção representam um eixo de risco criminal. Um mundo em rede, falhas de governança e desequilíbrios econômicos criam oportunidades para o crescimento da ilegalidade. Em 2009, o valor do comércio ilegal no mundo foi estimado em US$ 1,3 trilhão e está crescendo. Esses riscos criam custos muito altos para atividades econômicas legítimas, enfraquecem Estados, ameaçam oportunidades de desenvolvimento, desmoralizam a lei e mantêm países em um ciclo de pobreza e instabilidade. Precisamos de cooperação internacional efetiva com urgência.
· Crescimento limitado por recursos: o mundo enfrenta limites rígidos em relação à água, alimentos e a energia. O crescimento da população e o consumo, junto com as mudanças climáticas, criam esse desafio enquanto as ligações entre essas questões dificultam uma reação. Grande parte das intervenções simplesmente criam problemas novos e piores ou transferem o risco para uma outra área. A escassez de recursos básicos deve criar mais conflito entre os grupos sociais, as nações e as indústrias que precisam deles.
“A demanda por alimentos, água e energia está crescendo em dois dígitos. Mesmo assim, déficits fiscais crônicos estão ameaçando investimentos importantes em infra-estrutura para aumentar a disponibilidade e o acesso a esses recursos. A escassez resultante é uma ameaça para a prosperidade global”, afirma John Drzik, Presidente e CEO do Oliver Wyman Group (Marsh & McLennan Companies).
Além desses três grupos, o relatório Riscos Globais 2011 identifica cinco riscos emergentes:
Segurança de redes: a nova fronteira para o controle da informação, desde hackers até falhas de serviços em grande escala e a possibilidade de ciberataques entre países.
Alto crescimento populacional: em países frágeis e com poucos recursos, o crescimento da população deve levar a “bombas populacionais”, maior violência e ao colapso de estados
Escassez de recursos: as limitações nas áreas de commodities, água e energia criam limites para o o crescimento e criam pontos de conflito.
Redução da globalização: com a crescente desigualdade econômica, uma reação populista contra a globalização pode romper a integração econômica e política
As ameaças de armas nucleares e biológicas: representam uma preocupação renovada para um mundo frágil.Nesse contexto, o World Economic Forum planeja o lançamento de uma nova Rede de Resposta ao Risco durante a reunião Anual 2011 do World Economic Forum, em Davos-Klosters, na Suíça, que será realizada entre os dias 26 e 30 de janeiro.
A nova rede deve criar uma nova abordagem para lidar com os riscos complexos enfrentados pelos líderes e permitir que capturem o lado positivo desses riscos. “Se os líderes empresariais e tomadores de decisões conseguem superar a tendência comportamental de adotar soluções imediatas e de curto prazo e começam a pensar no longo prazo, isso será um grande passo no sentido de adotar uma atitude condizente com a maior complexidade e interconexão dos riscos globais”, afirma Howard Kunreuther, Diretor Conjunto do Wharton Risk Management and Decision Processes Center.
A íntegra do relatório pode ser acessada no http://scpro.streamuk.com/uk/player/Default.aspx?g=21ddc642