Assim como o Brasil, a indústria de seguros atrai o interesse dos investidores, cada dia mais familiarizados com o custo benefício dos projetos nos quais pretendem apostar. A notícia de hoje vem da Tempo Participações. Depois de matéria publicada pelo Valor Econômico nesta sexta-feira, a empresa disparou um comunicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para afirmar que as negociações ainda estão em andamento. “A Companhia informa que não há no presente momento qualquer definição com relação às oportunidades ora avaliadas”, diz a nota.
O banco de capital suíço UBS foi contratado para negociar a venda de até 100% do capital da empresa, avaliada em mais de R$ 900 milhões. Segundo o Valor, o grupo GP Investimentos já tem vários compradores para a Tempo Assist, uma empresa de prestação de serviços de saúde e de assistência 24 horas que abriu capital no final de 2007, ano do boom da bolsa brasileira.
Desde a oferta inicial até ontem, as ações da Tempo caíram 21,4%. Nesse mesmo período, o Ibovespa foi positivo em 17,3%. Segundo analista entrevistado pelo Valor, o fraco desempenho é fruto “do mercado brasileiro ainda não tem maturidade para entender esse tipo de empresa, mais comum lá fora”. Quem acompanha de fato o mercado de seguros sabe que as seguradoras internalizaram a assistência 24 horas por acharem este um momento único de ter contato com os clientes e assim diferenciarem o serviço prestado num mercado altamente competitivo.
Isso fez com que a Tempo não tivesse muitos clientes na área de assistência. Já na área de saúde, com a aquisição da carteira da Unibanco Seguros, há grande interessse, segundo fontes do setor. A Mapfre, por exemplo, tem interesse em entrar em saúde, único ramo em que não atua no Brasil. Já Bradesco e SulAmérica, as maiores em seguro saúde, buscam escala, assim como Amil. Apesar de rentável, o setor de saúde no Brasil é amarrado por uma regulamentação rígida, onde o preço dos produtos individuais é controlado pelo governo, o que conta pontos negativos para a entrada de novos investimentos.
Mas uma coisa atrai. A parceria com a Caixa Econômica Federal, com 2 mil agências espalhadas pelo Brasil. A parceria é para a criação de uma seguradora de planos de saúde e odontológicos que começa a operar em janeiro. Mas há um risco com a mudança de governo e este contrato sofrer mudanças, segundo analistas do setor.
Chegaram a analisar a empresa a operadora de planos de saúde Amil; as seguradoras Bradesco Saúde, Mapfre e SulAmérica; a corretora de saúde Qualicorp, adquirida em julho pelo fundo americano Carlyle; além da gigante United Healthcare, empresa de saúde dos Estados Unidos que há algum tempo tenta entrar no mercado brasileiro.
Veja abaixo a íntegra do comunicado divulgado na CVM.
FATO RELEVANTE
TEMPO PARTICIPAÇÕES S.A.
CNPJ/MF: 06.977.739/0001-34
Cia. Aberta (Registro CVM 1991-7)
(Bovespa: TEMP3)
A TEMPO PARTICIPAÇÕES S.A. (“Companhia”), em cumprimento ao disposto no artigo 157 da Lei nº 6.404/76 e na Instrução CVM nº 358/2002 e com base nas notícias veiculadas na imprensa sobre uma possível transação envolvendo a Companhia, vem a público informar que esta sendo assessorada pelo Banco BTG Pactual S.A. e UBS Securities LLC na avaliação e prospecção de oportunidades de combinação de negócios, investimentos e desinvestimentos para seus diversos segmentos de negócios.
A Companhia informa que não há no presente momento qualquer definição com relação às oportunidades ora avaliadas.
A Companhia manterá o mercado informado do assunto.
Barueri, 15 de outubro de 2010.