Crise e acidentes valorizam a profissão do gestor*

1228107705zzpb611*a jornalista viajou a convite da Aon Brasil

“Não poderia haver um momento melhor do que este para ser gestor de risco”, disse Terry Fleming, presidente da Risk & Insurance Management Society (RIMS), na abertura do 60º Conferência Anual 2010 da que reuniu cerca de 9 mil gerentes de riscos das principais corporações do mundo em Boston, Estados Unidos, entre 25 e 29 de abril deste ano. “O mundo está assustado com tantos riscos emergentes e olha para nós a espera de um conselho”.

Com esta frase, Fleming conseguiu sintetizar a relação entre segurados, corretores, seguradoras e resseguradoras observada durante os quatro dias do evento. É sabido que muitas vezes o gestor de seguros é um profissional à parte da administração. Com as crises, no entanto, ele passa a ocupar um lugar de destaque dentro do organograma e tende, cada dia mais, a reforçar a importância da indústria de seguros e seus diversos instrumentos de proteção para os dirigentes das corporações.

Para que possa aproveitar esta oportunidade, o gerente de risco conta com a colaboração do corretor na busca de produtos e serviços que se enquadrem nas necessidades das corporações. “Nosso diferencial é esse. Assessorar o cliente na busca de um produto que ele realmente precisa junto às seguradoras e resseguradoras. Um seguro sob medida, pois cada cliente é único”, diz Jorge Gonzalez Cale, diretor executivo da Aon Risk Services para a América Latina.

Realmente cada cliente tem uma prioridade. Para uns, a crise financeira é um grande temor. Para outros, as catástrofes. O consenso é que todos estão mais conscientes de que ninguém está livre de riscos. O ambiente regulatório e o político lideram a lista de prioridades dos gestores de risco, com 73% das respostas. Ter de arcar com responsabilidade civil em razão de novas regras, encontrar coberturas amplas dentro do preço esperado, desastres naturais, retenção de talentos e ter tecnologia de ponta são as outras preocupações que têm consumido a maior parte do tempo dos gestores de riscos.

Este é o resultado do estudo da Zurich Financial Services, realizado juntamente com o Ceres. A pesquisa Climate Change Risk Perception and Management: A Survey of Risk Manager (Mudança Climática Percepção do Risco e Gestão: Um Estudo de Gerentes de Risco) foi realizada com 200 gestores de riscos para saber como a mudança climática é percebida pelas empresas, sendo 70% com faturamento acima de US$ 50 milhões por ano e 34% acima de US$ 1 bilhão.

A mudança climática é a principal entre os riscos emergentes por afetar diversos tipos de riscos, como o político, de danos físicos, de regulamentação, de imagem, o risco legal e também a própria forma de competição entre as empresas. Por isso, o tema tem sido estudo por grandes grupos em todo o mundo. “Os gestores de riscos das empresas desempenham um papel crucial para ajudar as seguradoras compreenderem de que forma as mudanças climáticas afetam as companhias e o que elas têm mudado na rotina para mitigar riscos”, diz o presidente da Ceres, Mindy Lubber.

Isso explica o conteúdo das mais de 120 palestras. Boa parte delas trazia detalhes do programa Enterprise Risk Management (ERM), lições da crise, seguros financeiros, sugestões de como aprimorar a administração do programa mundial e o cenário atual da indústria. Porém, nada foi mais polêmico do que as comissões contigenciadas, ou seja, valor pago pelas seguradoras aos corretores como uma forma de bonificação pelo desempenho da carteira de clientes.

A direção da RIMS é totalmente contra a prática deste tipo de bonificação. As seguradoras eximem-se da discussão. “Este é um assunto para ser tratado entre corretores e clientes”, diz Edmund Kelly, CEO da Liberty Mutual. Gregory Case, presidente da Aon Corp, defende a transparência. “Este assunto gira em torno do valor que a Aon gera aos clientes, que pagam por este diferencial. Aplaudimos os esforços pela transparência e estamos certos de que podemos ir além do que já fomos até hoje neste sentido. O importante é que cleintes entendam pelo que estão pagando e o valor do trabalho que entregamos a ele”.

No cenário mundial, o céu era de brigadeiro para os gestores de risco até abril. O preço do seguro apresenta queda no mundo todo. “Nem se acontecer uma catástrofe, com US$ 50 bilhões em perdas seguradas, a tendência de queda de preço deverá se reverter”, exagera Even Greenberg, CEO mundial da ACE, para expressar a abundância de capital que a indústria de seguros construiu nos últimos anos de taxas elevadas e coberturas restritas.

Apesar de a indústria de seguros estar capitalizada, para se conseguir um bom contrato é preciso fazer a lição de casa. “A crise nos trouxe muitos ensinamentos, principalmente que ninguém está imune de perdas e que a globalização tornou os programas mundiais de seguros muito mais abrangentes e complexos”, diz Janice Ochenlowski, da Jones Lang LaSalle Incorporated, durante a palestra Effective Global Risk Programs: The Impossible Dream? (Programa Global de Riscos, um sonho impossível?).

Segundo ela, para ter um efetivo programa mundial é preciso entender as culturas e fazer isso localmente. “Há muitas diferenças no marco regulatório de cada país e isto precisa ser respeitado”, reforça Andrew Mackinnon, executivo da Zurich. “Para isto acontecer, a comunicação é a palavra chave em qualquer programa, principalmente nos globais”, acrescenta Clyde Ebanks, executivo da Aon e mediador do painel.

Como disse o presidente da RIMS, Terry Fleming, “o mundo está assustado com tantos riscos emergentes e olha para a indústria de seguros a espera de um conselho”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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