Seguros tem espaço para avançar*

*matéria feita com exclusividade para o especial Brasil Espanha do jornal Valor Econômico, que circulou dia 20 de maio de 2010

O grupo Mapfre é o número um quando o assunto é investimento na indústria de seguros brasileira. O país conta com o Santander, sexto maior em vendas de seguros, vida e previdência. A Cesce e a Credito y Caucion, seguradoras focadas em seguros de crédito e garantia, também trazem a experiência espanhola ao país. Mas nada chega aos pés dos quase R$ 1 bilhão já aportados pelo maior grupo segurador da Espanha e que se tornou também o maior da América Latina e do Brasil com a parceria fechada com o Banco do Brasil (BB), anunciada em outubro de 2009 e finalizada neste mês.

A associação criou uma seguradora com valor de mercado de R$ 10 bilhões e prêmios de R$ 7,7 bilhões em seguros diversos, como carro, residência, empresarial, industrial, agrícola e riscos financeiros. “Temos um grande mercado para conquistar no Brasil, um país que caminha para ser a quinta maior potência do mundo nos próximos anos”, diz Jose Manuel Martinez, presidente mundial da Mapfre, que oferta todos os tipos de seguros no Brasil, exceto saúde.

Aliado ao crescimento natural do setor para acompanhar o bom rumo da economia, o potencial da indústria de seguros é enorme. “A penetração de seguros no produto interno bruto é de apenas 3,4% enquanto em outros países é o dobro disso”, ressalta Aldemir Bendine, presidente do BB. “Somos a 8ª maior economia do mundo e em seguros estamos em 17º lugar.”

Para o Banco do Brasil, a parceria é estratégica. “Nossa expectativa é de que a área de seguridade represente 25% do ganho do banco em 2012.” A aposta é ousada, uma vez que significa dobrar a participação do lucro do conglomerado em seguros. Em 2009, a área de seguridade do BB representou 12% do lucro total do banco.

Tal otimismo está respaldado no desempenho nos últimos anos. O setor evoluiu a uma taxa superior a duas vezes a do PIB brasileiro na última década. A receita, de R$ 107 bilhões em 2009, foi 13% superior ao ano anterior, mas abaixo da média de 14% da última década.

“Tenho certeza de que a parceria contribuirá para o desenvolvimento não só do resultado financeiro do banco como também trará perpetuidade ao BB”, diz Martinez. Se o desempenho continuar no ritmo conquistado pela Mapfre de 2000 para cá, ambos vão ter boas notícias aos acionistas no futuro.

“A Mapfre fatura em 15 dias o que faturava por ano em 2000”, afirma Antonio Cássio dos Santos, presidente da Mapfre no Brasil e responsável pela estratégia de crescimento do grupo nos últimos cinco anos. Nesse período, a aposta mais ousada do grupo foi pagar ágio de 46% no leilão da Nossa Caixa Vida e Previdência, em 2005. No entanto, o desembolso de R$ 225 milhões naquela época virou quase R$ 1 bilhão na negociação com o Banco do Brasil, o que a fez ser a candidata favorita na seleção realizada pelo banco durante o processo de reestruturação de seguros.

Com tal desempenho, a participação da subsidiária brasileira dentro do total mundial é de 10% e neste ano será o dobro, a partir da consolidação da parceria com o Banco do Brasil, prevê Antonio Cássio dos Santos. “A parceria trará muitos frutos não só para o banco ou para a Mapfre, mas para todo o mercado de seguros, com produtos inovadores e serviços diferenciados”, diz Martinez.

A atuação do Santander em seguros vem se consolidando a cada ano. Optou por gerir a carteira de vida, previdência e residência e fez parcerias estratégicas, sem participações acionárias, com seguradoras independentes para seguros gerais. Segundo Fabio Barbosa, presidente do banco, em recente entrevista ao Valor, o grande potencial de expansão do mercado de seguros no Brasil está em previdência e vida. “Os indicadores mostram que a penetração de seguros na nossa base de clientes é muito baixa e temos, portanto, muito espaço para crescer.”

Nos últimos anos, o mercado de seguros passou por grandes mudanças desde a quebra do monopólio de resseguros em 2007, passando pela crise financeira mundial até as grandes movimentações de fusões e aquisições. Sem contar com as mais de 75 resseguradoras que ingressaram no Brasil nestes dois últimos anos.

Todas essas variáveis influenciaram de forma direta ou indireta os resultados apresentados no estudo consolidado pela Accenture. De acordo com o trabalho, o setor crescerá num ritmo ainda mais acelerado do que o registrado na última década. Há oportunidades em todos os segmentos, especialmente em produtos individuais, saúde, pequenas e médias empresas e o seguro prestamista, vendido atrelado ao crédito. A consultoria também aposta na evolução do canal corretor, varejista e bancário para os próximos anos.

Segundo a Accenture, a competição será mais acirrada, com produtos massificados com maior potencial de expansão. As vendas se concentrarão em corretores, mas com aumento da importância de bancos e varejistas. O estudo aponta expectativa de redução de despesas, facilitada pelo uso da tecnologia e melhora no relacionamento com as resseguradoras.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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