Rio de Janeiro vive caos após chuvas

enchente3Grande parte das empresas parou no Rio ontem, inclusive a CNSeg. Os deslizamentos não ficaram apenas nas encostas com construções irregulares. Atingiram também imóveis caros e causaram a morte de mais de 100 pessoas, segundo noticias publicadas hoje pela imprensa. . Os danos causados vão desde as 100 vítimas fatais até o adiamento de eventos esportivos, como o jogo do Flamengo e da Maratona do Viradão Carioca. O assunto é manchete dos jornais locais e também internacionais.

Segundo traz o Valor, no Humaitá, zona sul da capital, desabou parte de uma encosta ocupada por mansões, no mesmo local onde ocorrera outro deslizamento em fevereiro de 1988. O deslizamento ameaçou a Casa de Espanha, tradicional clube da colônia espanhola no Rio. Na zona sul de Niterói, um motorista que passava com a família morreu quando seu carro foi atingido por outro deslizamento em área de mansões, no bairro de São Francisco (Zona Sul). No Joá, outro bairro de alta renda, um deslizamento provocou interdição parcial da via que liga a Zona Sul à Barra da Tijuca (Zona Oeste).

Muitos motoristas abandonaram os veículos em meio às enchentes. A Mapfre informou ontem ao site G1, da Globo, que fez mais de 400 atendimentos no Estado. O Valor informa a estratégia da Itaú, Porto e Bradesco, que transferiram reboques e outros recursos de outras regiões para o Rio, reforçando a estrutura de atendimento aos segurados.

A Bradesco mandou vir de São Paulo 15 reboques para reforçar a frota de 70 veículos que atendem normalmente aos segurados no Rio. A seguradora informou que acionou um plano de contingência para atender seus segurados, ampliando em 40% o número de atendentes do serviço de assistência 24 horas. A seguradora, entretanto, ainda não tem um levantamento de prejuízos, porque as chuvas continuam. A Porto Seguro, maior seguradoras do Brasil, mandou de São Paulo 40 guinchos para o Rio, cidade que abriga a matriz da Azul Seguros, a seguradora “light” do grupo por vender seguros mais baratos por ter menos serviços.

A Itaú informou por meio de sua assessoria de imprensa que os carros estavam sendo rebocados até um pátio e que um grupo de peritos já estava disponível para avaliar os danos e dar seqüência a indenização. Segundo informou a Porto Seguro ao site G1, o segurado poderá levar o veículo à oficina de sua preferência, mas não deve autorizar o conserto antes da liberação da seguradora. A liberação será feita por um técnico da empresa, que avaliará se o veículo pode ser recuperado ou se houve perda total que é decretada quando os danos superaram 70% o valor do carro.

Um procedimento padrão das seguradoras é tentar recuperar o veículo quando a água fica abaixo do painel, desde que o motor não tenha sido afetado. Neste caso, é quase certa a perda total.

Veja as dicas valiosas elaboradas pela CESVI BRASIL (Centro de Experimentação e Segurança Viária) para evitar prejuízos em enchentes:

1. Caso o motor morra durante a travessia, jamais tente dar a partida, mantenha-o desligado e remova o veículo até uma oficina. Diante da possibilidade de admissão de água, essa prática reduz o risco de danos causados ao motor por um calço hidráulico.

2. Observe a altura do nível de água do trecho alagado, a maioria das montadoras estabelece uma altura máxima para essas travessias, não podendo exceder o centro da roda.

3. É prudente que o veículo, durante o alagamento, seja dirigido em baixa velocidade, mantendo uma rotação maior e constante ao motor, em torno de 2.500 RPM, o que diminui a variação do nível da água e seu respingar junto ao motor, dificultando sua admissão indevida e a contaminação de componentes eletroeletrônicos, melhorando a aderência e a dirigibilidade do veículo.

4. No caso de veículos equipados com transmissão automática, a troca de marchas deve ser feita manualmente, selecionando a posição “1”. Dessa forma, o veículo não desenvolve tanta velocidade, sendo possível imprimir uma rotação maior ao motor. Outra possibilidade é manualmente alternar a troca de marchas entre “N” e “1”, de modo a manter a velocidade do veículo baixa durante o trecho alagado, sem descuidar da rotação do motor, sempre em torno de 2.500 RPM.

5. Alguns veículos automáticos oferecem como opcional o ajuste da tração, conhecido como “WINTER” ou “SNOW”. Embora sua função seja a de conferir maior segurança durante trechos de baixa aderência, como neve ou lama, evitando que o veículo patine graças ao bloqueio do diferencial, também deve ser utilizado durante alagamentos, pois beneficia o controle da velocidade do veículo e da rotação do motor.

6. Mantenha a calma nos casos em que, durante a travessia, sejam constatados sintomas como o aumento de esforço ao esterçar (direção hidráulica), variação na luminosidade das luzes do painel de instrumentos, alertas sonoros, flutuação dos ponteiros, luzes de anomalia da injeção eletrônica, bateria e ABS (se disponível) acesas, aumento do esforço ao acionar os freios e interrupção do funcionamento da tração 4 X 4 (veículos diesel), pois provavelmente todo esse quadro é causado pela perda de aderência entre a correia auxiliar e as respectivas polias da bomba da direção hidráulica, alternador e bomba de vácuo (veículo diesel), sendo, na maioria das vezes, um fato passageiro que não impede a dirigibilidade. Apenas reforce a cautela e mantenha o menor número possível de equipamentos ligados.

7. É recomendado desligar o ar condicionado, reduzindo assim o risco de calço hidráulico. Essa prática impede que alguns componentes joguem água na tomada de ar do motor. Veículos rebaixados e turbinados, na maioria das vezes, apresentam maiores riscos de sofrer calço hidráulico; por isso, é aconselhável manter a originalidade da montadora. Se o veículo estiver nessas condições, redobre a atenção aos procedimentos sugeridos.

8. Para os casos mais sérios de alagamentos, é recomendado preventivamente fazer um check-up, corrigindo, por exemplo, possíveis alterações do sistema de injeção eletrônica, muitas vezes simples e imperceptíveis nessa fase, como maus contatos, mas que posteriormente podem gerar grandes transtornos.

9. Pode haver, entre outros, a contaminação do cânister, do óleo da transmissão, do(s) eixo(s) diferencial(is), no caso de veículos com tração traseira ou mesmo quatro por quatro, o que determina a redução da vida útil dos componentes integrantes desses conjuntos, além de riscos acentuados de falhas na embreagem, suspensão e freios. Para combater os efeitos dessa possibilidade, é recomendável encaminhar-se rapidamente até uma oficina e solicitar a avaliação desses itens.

10. Havendo travessias consecutivas de alagamentos, recomenda-se uma limpeza do sistema de ventilação, pois estará sujeito à contaminação por fungos, microorganismos e bactérias, demandando limpeza de todo o sistema para a utilização segura.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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