A Munich Re, maior resseguradora do mundo, fechou por meio da resseguradora local instalada no Brasil o contrato de resseguro para as seguradoras ACE, RSA e Allianz, que juntas dão coberturas para proteger a Impsa — empresa global dedicada a produzir soluções integrais para a geração de energia elétrica a partir de recursos renováveis — dos riscos de construção de 10 instalações eólicas em Santa Catarina.
“As negociações de resseguro foram intermediadas pela Bowring Marsh, que há tempos tem a conta Impsa em sua carteira de negócios”, informa Christian Garbrecht, executivo responsável por desenvolvimento de negócios da Munich Re. Este é o segundo grande contrato fechado nas últimas semanas. A Munich Re também foi a resseguradora do programa de seguros da apólice dos riscos de construção da Transnordestina, empreendimento de R$ 5,4 bilhões. O programa da principal malha rodoviária do Nordeste, que envolve quase 1.800 km, foi desenhado em conjunto com a corretora JLT Re e com as seguradoras Mapfre e Liberty International Underwriters (LIU).
As 10 instalações da Impsa serão agrupadas nos parques eólicos Bom Jardim e Água Doce, com ativos segurados que superam R$ 1 bilhão. Os dois parques terão potência instalada de 91,9 megawatts (MW) e 125,8MW, respectivamente. A cobertura compreende o reparo de danos físicos causados a esses ativos por acidentes durante a construção dos parques, incluindo eventuais perdas financeiras pelo atraso em conseqüência de tais acidentes. “A Munich Re do Brasil ressegura mais de 70% do risco”, informa o executivo da Munich Re.
Através de sua operação local, um dos objetivos estratégicos da Munich é ter uma posição de liderança no segmento de riscos de engenharia, em particular no novo cenário do mercado aberto de resseguro. Com as mesmas práticas das suas operações internacionais, a empresa traz ao Brasil sua força financeira, expertise, e acesso à sua rede global. “Temos grande interesse em apoiar o mercado segurador e corretores nas demandas resultantes dos investimentos futuros em infraestrutura”, diz o diretor da Munich Re.
A expertise em projetos de geração de energia, açúcar e álcool, energias renováveis, logística, transportes e urbanização estão à disposição de todos os brasileiros por meio da operação local. “Nossa abordagem é apoiar o mercado de forma eficaz e equilibrada para que todas as partes envolvidas possam crescer e se desenvolver de forma sustentável.”
Há um grande interesse dos grupos seguradores de todo o mundo em projetos de energia no Brasil. Segundo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), segunda edição, divulgada no final de março deste ano pelo governo brasileiro, os investimentos previstos ultrapassam R$ 1 trilhão até 2016, sendo R$ 465 bilhões até 2014. Só na geração de energia estão previstos R$ 136 bilhões dentro do PAC-2. A maior parte dos recursos, R$ 880 bilhões, vão para a área de petróleo e gás natural.
A capacidade de geração de energia eólica no mundo em 2009 era de 157,9 gigawatt (GW). Os Estados Unidos são os maiores no uso desta fonte de energia, com capacidade de 35 GW, seguido pela China, com 25 GW, Índia, com 11 GW, Europa, com 76 GW, segundo divulgou o Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês).
A América Latina ainda engatinha, com apenas 1,2 GW, porém tem um grande potencial de crescimento, o que faz a Munich Re apostar fortemente neste segmento ao trazer aos países da região os melhores profissionais neste segmento. A capacidade instalada da América Latina apresentou alta de 95%, influenciada pelo bom desempenho do México, com aumento de 137% na capacidade instalada, Chile (740%) e Costa Rica (67%).
O Brasil responde por cerca da metade da capacidade instalada na América Latina, mas representa 0,38% do total mundial. A capacidade de geração de energia eólica no Brasil aumentou 77 7% em 2009, em relação ao ano anterior, com capacidade instalada de 606 megawatts (MW) no encerramento do ano.
Este número deu ao país um grande estatus no ranking mundial, ao ter evoluído bem acima da média de 31% apurada no estudo. Foi superado apenas pela China, com evolução de 107%, segundo o estudo do GWEC. Os Estados Unidos registrou alta de 39% na capacidade instalada de energia eólica; a Índia de 13% e a Europa de 16%.