Resseguro: para e pense

Algumas matérias são realmente interessantes. Ontem e hoje a imprensa trouxe o resseguro como manchete. O que mostra a necessidade da parar um minutinho e pensar. Como o IRB Brasil Re pode continuar grande se todas as empresas que compravam resseguro — mais de 60 já estão no Brasil — do órgão estatal agora vão usar as suas próprias resseguradoras?

A principal função do resseguro é pulverizar o risco no exterior. Esta função no IRB era exercida pelas estrangeiras. Por deixar outros fazerem por ele esta tarefa não acumulou experiência internacional e perdeu os poucos funcionários que tinha e que sabiam como fazer. Não há reestruturação que o faça ser grande. Mas há seguros politicos que precisam de resseguro oficial.

Bem, vamos lá. Em janeiro a obrigatoriedade de preferência dos contratos aos locais cai de 60% para 40%. Aguardemos para ver como fica a situação e a oferta do Banco do Brasil para a compra de parte do IRB Brasil Re, controlado pelo governo e por duas seguradoras privadas, Bradesco e Itaú Unibanco.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

1 COMENTÁRIO

  1. Com razão, um único ressegurador manter uma fatia 70-80%de um mercado de R$ 3,5 bilhões não combina com uma das essências do resseguro (pulverizar riscos globalmente).
    O IRB mantém-se líder por várias razões, mas estas razões cada vez mais perdem força. Citarei 4:
    1. O IRB é bom pagador de sinistros e faz “vista grossa” para erros e ineficiências das cedentes. Que ressegurador paga sinistro se a cedente “esqueceu” de repassar prêmios? (As seguradoras estão se preparando e cada vez mais eficientes e erros são menos frequentes)
    2. O IRB (seus subscritores) conhecem o mercado e individualmente os riscos melhor que qualquer um. (Em mais algum tempo as outras resseguradoras vão adquirir esse conhecimento e isso não será diferencial)
    3. Os concorrentes do IRB estão ainda atuando timidamente no Brasil. (Também em pouco tempo a parcela a resseguradores “estrangeiros” aumentará)
    4. Algumas seguradoras só não deixam de trabalhar exclusivamente com o IRB porque lhes falta tecnologia para administrar contratos com vários resseguradores. (Em breve todas as cedentes estarão preparadas)

    Resumindo, não tem jeito. O IRB vai perder mais mercado e não vai ficar com 60-70%. Vai estabilizar bem mais abaixo. A única forma de manter o seu tamanho é buscando negócios fora do Brasil. O IRB não tem essa cultura mas seus acionistas e executivos com certeza já se deram conta disso.

    Acho que o IRB vai fazer tudo que precisa fazer, mas…como tem sido praxe: com grande atraso.

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