Cativas, um jeito de driblar o alto preço do seguro

images11As seguradoras cativas voltaram a fazer parte das rodas de conversas de grandes segurados. Seu número e importância crescem continuamente. São pequenas seguradoras dentro das grandes organizações, geralmente instaladas em paraísos fiscais. Bermudas é o principal porto seguro destas empresas.

Nesta semana, a notícia veio do grupo Marsh McLennan, dono de uma das maiores corretoras de seguros do mundo e que também é o maior administrador de seguradoras cativas. O MMC anunciou que concluiu a aquisição da International Advisory Services Ltd. (IAS), principal administradora de seguradoras cativas das Bermudas. Os termos da transação não foram divulgados.

A Marsh administra mais de mil cativas, sediadas em 31 países, com diferentes regulamentações. Segundo nota divulgada à imprensa, a aquisição reforça a posição da Marsh como um líder global em gestão de seguradoras cativas, criadas por empresas, associações ou grupos de empresas para fazer o auto-seguro de riscos que geralmente tem um custo elevado ou que não são aceitos pelas companhias de seguro tradicionais.

Este é um segmento que deverá crescer, caso a falta de capacidade ofertada pela indústria de seguros e de resseguros continue afetando grandes conglomerados que tenham um valor de riscos que justifique a criação de uma seguradora cativa.

Longe de ser uma cativa, mas que serve de exemplo para a falta de capacidade atual da indústria de seguros, é o exemplo do governo brasileiro. Segundo informou o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o governo estuda abrir uma seguradora estatal para absorver riscos de crédito para viabilizar os projetos de infraestrutura. O governo americano também pensa em abrir uma seguradora estatal para atuar em saúde. Barack Obama quer, com isso, driblar o alto custo e a falta de coberturas disponibilizadas aos americanos pela indústria de seguro.

Companhias como General Motors, Ford, 3M, Johnson & Johnson, empresas aéreas são donas de cativas. Uma companhia que opere em vários países, que pague prêmios de seguros acima de US$ 1 milhão e que tenha dificuldade em colocar alguns riscos, pode ser uma candidata a ter uma cativa. Também são apropriadas para empresas ligadas a serviços médicos, exportação, como a Embraer, por exemplo.

Já as farmacêuticas, por exemplo, criam as cativas para determinados riscos, como o de responsabilidade civil de produtos. Como o risco de um remédio causar danos às pessoas é considerado grave pelas seguradoras, principalmente pelas indenizações milionárias determinadas pela Justiça americana, a oferta de apólices é limitada.

Outra tendência que estimula a criação de cativas por grandes grupos é o alto preço cobrado pelas seguradoras. Na época dos atentados de 11 de setembro em 2001 e também dos furacões em 2005, períodos de grandes perdas para as seguradoras, o preço do seguro aumentou significativamente e as coberturas ficaram mais restritas. A ameaça de que grandes grupos iriam abrir suas cativas ajudou a melhorar as condições de negociações.

As perdas das seguradoras e resseguradoras com a crise financeira, tanto em ativos com a volatilidade do mercado acionário como pela elevação do pagamento de indenizações com a insolvência de empresas e responsabilidade de executivos por má gestão, trouxeram novamente falta de capacidade para os contratos de seguros. Conseqüentemente, uma nova onda de abertura de cativas começa a surgir para equilibrar a oferta e demanda do mercado de seguros.

“O uso das cativas continua em expansão em todas as áreas do mundo. Bermudas continua a ser um líder no fornecimento de soluções inovadoras de retenção de risco para os clientes com riscos complexos”, disse Michael Cormier, responsável pela área responsável pelas cativas. “A combinação de Marsh e IAS irá reunir uma equipe sem paralelo de profissionais que compartilham o compromisso de prestar um atendimento diferenciado aos clientes”.

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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