A liquidez começa a voltar para os mercados financeiros mundiais. No Brasil, a prova disso são as emissões de ações e papéis de empresas privadas, como o caso do IPO da Visanet, com captação de R$ 8,4 bilhões, considerado o maior do mundo entre as emissões realizadas no primeiro semestre deste ano. Além da volta da liquidez, o apetite do investidor por risco também começa a retornar, principalmente com as baixas taxas de juros praticadas pelos governos.
Prova disso são as nove emissões de cat bonds, ou seja, bônus contra catástrofes realizadas no primeiro semestre deste ano, segundo estudo divulgado pela Guy Carpenter, corretora de resseguro do grupo Marsh McLennan. Entre as emissoras temos nomes como Liberty, Assurant, Swiss Re, Allianz e Chubb.
No Brasil estes títulos inexistem por duas razões óbvias: temos apenas duas seguradoras listadas em bolsa e o País está fora da rota das catástrofes naturais. A securitização de seguros de risco é uma verdadeira engenharia financeira, mas pode ser comparada ao mercado de capitais assumindo o risco de resseguro. Partindo do princípio de apostas, as seguradoras emitem títulos sobre um risco específico, como perdas causadas por um terremoto no Japão ou inundações na Europa, por exemplo.
A seguradora decide o risco que quer correr e determina um valor. Acima deste patamar, repassa para o mercado financeiro pagando uma taxa de retorno atraente. Costumam pagar o dobro de um investimento normal de baixo risco. Se o evento ocorrer, o investidor perde o direito ao todo ou à parte do principal. A grande vantagem para a seguradora é que uma vez vendido o risco ela não precisa mais reservar capital para cobrir potenciais perdas.
Seis das nove emissões do ano foram realizadas no segundo trimestre, transferindo para o mercado de capitais riscos acima de US$ 800 milhões. Três das seis transações no segundo trimestre de 2009 tiveram demanda acima da oferta em razão dos rendimentos elevados ofertados.
2007 foi um ano recorde de emissões de cat bond, com US$ 3,7 bilhões no primeiro semestre, segundo o estudo. No mesmo período do ano passado, US$ 2,3 bilhões em riscos foram repassados ao mercado de capitais. A emissão em 2009 é ainda menor do que a registrada em 2008. As nove emissões totalizam US$ 1,38 bilhão, longe do valor das 11 transações no primeiro semestre de 2008.
David Priebe, responsável pelo desenvolvimento de clientes globais, está otimista. “Há várias razões para acreditarmos que haverá um aumento do lançamento de cat bonds no segundo semestre deste ano”, revela em comunicado sobre o estudo. Entre os principais fatores está a melhora dos mercados de capitais e o aumento da demanda por ativos de maior risco, que geralmente ofertam maior retorno financeiro.
Segundo a corretora, duas transações estão sendo negociadas no mercado internacional para riscos de tempestades na Europa e nos EUA. Uma época atípica de emissão de bônus de catástrofes, tendo em vista que é o início da safra de furacões nos EUA, geralmente entre julho e setembro.
O estudo completo pode ser acessado no site: http://www.gccapitalideas.com/2009/07/27/cat-bond-update-second-quarter-2009/