Após a FIFA divulgar neste domingo o nome das 12 sedes brasileiras da Copa do Mundo de 2014, o mercado segurador arregaça as mangas para oferecer um sem-número de apólices necessárias para a realização do evento. Todas as cidades terão um cronograma curto para se adequarem às exigências exigidas em um evento de tal porte. Daí porque o seguro é incluído desde as obras de reforma dos estádios até para despesas médico-hospitalares do público que assistirá aos jogos. O seguro se torna ainda mais evidente em razão das obras precisarem de recursos públicos e privados para a construção ou reforma de estádios e também de hotéis para atender à demanda gerada pela Copa.
Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP) são as cidades que promoveram jogos da Copa de 2014. A expectativa é que as novas arenas estejam prontas até o fim de 2012, possibilitando a utilização na Copa das Confederações, em 2013.
Só em São Paulo o orçamento para reformar o estadio do Morumbi é estimado em R$ 300 milhões. Outros milhões estão previstos também para a ampliação do aeroporto de Belo Horizonte. Com isso, está previsto o anúncio de um PAC só para a Copa do Mundo de 2014. Desta vez, a intenção é ter garantias de que as obras vão manter-se dentro do orçamento. Estimado em R$ 412 milhões, o Pan-Americano do Rio-2007 custou R$ 3,6 bilhões aos cofres públicos, um estouro de quase 800% no orçamento.
Especialistas informam que várias apólices de seguros são obrigatórias pelos organizadores para eventos internacionais. A indústria de seguros começa por garantir que tudo estará pronto para a realização do evento. Sem isso, pode correr um sério risco de ter de indenizar investidores que apostaram seus recursos e amargaram perdas pela não realização. Estarão sendo cotados preços de seguro garantia, dando cobertura para o cumprimento do contrato, bem como de riscos de engenharia da obra.
Passada a fase inicial, começam as apólices exigidas neste tipo de evento. Entre as principais coberturas estão as de responsabilidade civil para indenizar terceiros prejudicados com a realização do evento, seja por produtos, profissionais tercerizados ou funcionários, montagem e desmontagem de estruturas e equipamentos. Estão cobertos riscos por contaminação de alimentos, direitos autorais, segurança e serviços médicos, bem como cobertura de acidentes pessoais para os atletas previstos na participação do evento.
Uma apólice importante é a da não realização do evento, conhecida como “no show”. Este tipo de apólice cobre prejuízos que investidores possam vir a ter com a não realização do evento ou de parte dele. Se os espectadores de algum dos jogos, por exemplo, ficarem impossibilitados de chegar ao local ou os jogadores ficarem impedidos de jogar, os custos da promotora com a devolução do valor do ingresso ou de agendamento de uma nova data, corre por conta do seguro. A apólice também cobre os custos com a demanda dos patrocinadores, que geralmente pedem de volta o valor pago na publicidade de veiculação televisiva daquela partida.
Para a realização da última olimpíada, realizada no ano passado na China, a seguradora PICC Property and Casuality Company Limited (PICC P&C), a maior seguradora estatal de ramos elementares do país sede, fechou o primeiro acordo em 2005. Ou seja, três anos antes da abertura oficial do evento. Isso porque a indústria de seguros é uma importante peça dentro de eventos dessa grandeza, uma vez que ajuda a prever riscos e sugere formas de mitigá-los.
A corretora de seguro inglesa JLT participa de boa parte dos contratos de eventos esportivos. Ela foi uma das contratadas para fazer a consultoria e gerenciamento de risco da próxima olimpíada, que acontecerá em Londres, em 2012. Ela é responsável por fazer o seguro das construções necessárias para os jogos, como parque aquático, estádio olímpico e outros locais previstos dentro da infra-estrutura básica do evento.
Os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, contaram com programa de seguro liderado pela Caixa Seguros, ressegurado no IRB-Brasil Re, que contou com as corretoras de resseguros JLT e Miller do Brasil para desenhar o contrato e distribuir o risco no mercado internacional. O comitê organizador e o governo compraram seguro para proteger os mais de 5,6 mil atletas, comissões técnicas de 42 países e os quase 100 mil fãs que foram assistir os eventos. A cobertura do seguro teve vigência no período dos jogos, cerca de 16 dias.
Foram compradas cinco coberturas: responsabilidade civil, no show, property, directors & officers (D&O) e terrorismo. A apólice de responsabilidade civil é a mais abrangente por cobrir danos físicos ou materiais causados a terceiros, incluindo atletas, voluntários e espectadores, inclusive por atos terroristas. A cobertura de property protegeu o patrimônio dos organizadores, como computadores e equipamentos de telecomunicações, até a montagem e desmontagem de equipamentos e as arenas e estádios como Maracanã e Engenhão, no período das competições. A apólice de D&O teve por objetivo resguardar o patrimônio dos executivos envolvidos na organização dos jogos de uma eventual reclamação de terceiros que se sintam prejudicados por algum erro administrativo.
*matéria da autora publicada no site da CNSeg: www.viverseguro.org.br