As agências de classificação de riscos poderão recuperar um pouco da credibilidade com as novas medidas aprovadas na semana passada, dia 23, pelo Parlamento Europeu. O comitê dos 27 países membros aprovou novas medidas que pretendem melhorar a transparência e independência das agências de classificação de riscos. As empresas que quiserem atuar na União Européia terão de cumprir as determinações de registro da normativa aprovada por 569 votos a favor, 47 contras e quatro abstenções. As normas passarão a valer 20 dias após a publicação oficial e as empresas terão um prazo de seis meses para se adaptar.
As principais empresas afetadas com o novo posicionamento dos órgãos reguladores são Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch. Também são as mais penalizadas pela opinião pública pela gravidade da crise financeira global. Até mesmo economistas agraciados com prêmio Nobel declararam que as empresas deveriam ter previsto com mais antecedência a fragilidade financeira de grupos como AIG, por exemplo, que tinha o mais elevado rating entre seguradoras mesmo poucos dias antes de ser socorrida pelo Banco Central dos Estados Unidos (Fed), em setembro.
Entre as discussões do novo normativo estão a rotatividade de analistas, a supervisão das empresas, a obrigatoriedade de registro para operar na União Européia, prazo de cinco anos para que um analista responda por uma mesma empresa, a fim de assegurar a independência da classificação, evitando conflitos de interesse. As agências também precisarão contar com dois membros independentes e os critérios utilizados para a formação do rating deverão ser divulgados com clareza.
As medidas não afetam outros países, mas é sempre um exemplo a ser seguido quando o assunto é trazer mais segurança e transparência para acionistas, investidores e governos. Da mesma forma quando explodiu os casos das empresas Enron e Parmalat, colocando em jogo a reputação das empresas de consultoria e de rating, novas normas foram criadas trazendo impactos globais.
No Brasil, o uso de rating começa a ganhar força, principalmente na indústria de seguros que passou, com a abertura do resseguro, a participar mais fortemente do cenário internacional. O rating é o instrumento mais usado pelas empresas para definir se aceitam ou não uma seguradora ou resseguradora em contratos de seguros. Obviamente, que desde setembro, pior período da crise financeira, além do rating as empresas buscam outras garantias.
Em uma recente palestra no Brasil, durante seminário de resseguro promovido pela Revista britânica Reactions, no Rio de Janeiro, Roger Sellek, diretor de gestão da A. M. Best, que cobre 4 mil empresas em 65 países, defendeu a atuação das agências argumentando que nem mesmo a própria direção da AIG sabia das operações de alto risco realizadas pelos funcionários. Ele destacou que as agências levam em conta as informações passadas pelas empresas e também notas públicas.
Segundo Sellek, a deficiência de reservas foi responsável por mais de 38% de todos os casos de insolvência registrados entre 1969 e 2007 no mercado de seguros de ramos elementares. A estatística mostra que o crescimento rápido de uma companhia vem em segundo lugar. Mudança significativa de negócios ficou com 7,5%; perdas com catástrofes com 4,2%; insolvência do ressegurador com 3,5%; e fraudes com 6,9%.