2008 será um ano de desafios para o mercado de seguros, previdência, vida, saúde e capitalização. “2007 foi marcado por mudanças, como as regras de solvência, a abertura do resseguro. Mas para mim o que ficou marcado foi a união de todo o setor em prol destas mudanças, que vão ajudar o mercado a crescer substancialmente”, disse João Elisio Ferraz de Campos, presidente da Fenaseg, citando também a criação da nova configuração institucional do setor com a Confederação Nacional de Seguros, Previdência, Saúde e Previdência Complementar (CNSeg).
A projeção é de que o setor encerre 2007 com vendas de R$ 84,8 bilhões e em 2008 ultrapasse R$ 96 bilhões, sendo R$ 42,6 bilhões com seguros de pessoas, R$ 34,3 bilhões em seguros gerais, R$ 10,8 bilhões em saúde e R$ 8,4 bilhões em capitalização. “Teremos um grande ano pela frente”, disse Armando Vergílio, presidente da Susep. Ele disse que muito foi feito, mas ainda há muito para se fazer em 2008.
“A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) que se cuide”, disse ele, brincando no sentido de que a Susep exercerá um controle tão ou mais efetivo do que a autarquia que regula o mercado de capitais e de fundos, durante o almoço de final de ano do setor realizado ontem, no Rio de Janeiro.
Todas as alterações no arcabouço de normas do setor começarão a valer a partir do próximo ano. Apesar da previsão de que muitas companhias terão dificuldades, tanto em aumentar o capital social para enquadrar-se às regras de solvência, como com a nova realidade de negociar contratos de resseguros, o clima é de otimismo.
“Vamos crescer mais em 2008 porque o País está crescendo”, disse Luiz Carlos Trabuco Cappi, presidente do grupo Bradesco Seguros e Previdência, e também presidente da Federação Nacional de Saúde (FenaSaúde), que representa um mercado de mais de 13 milhões de participantes.
Para Trabuco, o mercado de seguros está com reservas adequadas e não haverá tantos problemas quanto à capitalização das seguradoras.
A aposta no crescimento vem também do segmento de automóvel, que até outubro deste ano registrou evolução pífia de 1%, enquanto as vendas de carros zero quilômetro registram vendas recordes, acima de 30%. “Neste ano a carteira de automóvel não cresceu em volume, pois houve queda de preço, mas teve um expressivo crescimento em número de itens segurados”, afirmou ele, que comanda a segunda maior seguradora de carro do Brasil, a Bradesco Auto Re.
Seguro saúde
Em relação ao seguro saúde, Trabuco acredita que 2008 será um ano de consolidação, uma vez que 2007 as companhias já começaram a registrar bons resultados com a flexibilização do controle do governo em cima de preços. Pouco mais de dez seguradoras operam com saúde, sendo que nenhuma delas vende o seguro individual, com preço controlado pelo governo.
Segundo Fausto Pereira dos Santos, presidente Agência Nacional de Saúde (ANS), começa a valer em 2008 a segunda etapa do processo de adequação de capital das empresas de saúde complementar, ou seja, planos e seguros. “As seguradoras já estão adaptadas e as empresas de planos de saúde terão de se adaptar. Na primeira etapa, iniciada em 2001, 80% delas cumpriu as regras. Acho que o mesmo acontecerá agora”, disse ele, descartando a hipótese de um grande volume de empresas insolventes. Outra novidade em saúde é a implementação da portabilidade dos planos sem necessidade dos consumidores cumprirem carência.
Na área de previdência, o otimismo prevalece. “Manteremos nosso crescimento em 2008 e estamos apostando na criação de novos produtos de acumulação de renda”, disse Marco Antonio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência e vice-presidente da Federação Nacional de Previdência e Vida (FenaPrevi).
Segundo ele, o setor de previdência superou a casa dos R$ 120 bilhões em reservas e 7 milhões de participantes e 40 milhões pessoas seguradas em vida.
Momento histórico
Jayme Garfinkel, presidente da Porto Seguro e da Federação Nacional de Seguros (FenSeg), comemorou o resultado da audiência pública da abertura de resseguros. “Esse foi um momento histórico para mim em 2007”, disse ele em seu discurso. “Temos boas perspectivas pela frente com o crescimento do Brasil Espero que concretizemos todas as ações para a consolidação do mercado.”
Norton Glabes Labes, presidente interino da Federação Nacional de Capitalização (FenCap), aposta no crescimento com a nova regulamentação deste segmento que deverá ser divulgada pela Susep em 2008. “Todas as empresas estão com produtos prontos, apenas esperando a nova regulamentação. Além disso, duas novas empresas começarão a operar, Nossa Caixa e Mapfre”, disse. Para ele, essas duas razões farão o setor crescer muito acima dos 5% previstos para 2007.
*Matéria da autoria publicada na Gazeta Mercantil em 13/12/2007