Seguro de entretenimento ganha espaço no Brasil

O cenário para o seguro de entretenimento não poderia ser melhor: o Brasil está na rota de vários astros internacionais, produtores passaram a priorizar o seguro após grandes perdas no ano passado e o aumento do número de processos judiciais envolvendo danos causados a terceiros.

“Os advogados estão espertíssimos com esse assunto, o que preocupa os organizadores de eventos. Apesar de o Brasil ter um índice pequeno de pedidos de indenizações de acidentes sofridos em eventos, esse número tem crescido”, diz Dulce Thompson, especialista em seguro de entretenimento da corretora Aon.

O seguro da oitava edição do Skol Beats, o maior evento de música eletrônica da América Latina, acaba de ser fechado pela ACE. Só neste ano, foram segurados os shows de Roger Waters, Keane, Aerosmith, Cold Play e Simple Plan. Se a Madona não tivesse cancelado o Brasil de sua turnê, seria mais um para a lista, além dos longas-metragens “Meu tio matou um cara”, “Lisbela e o Prisioneiro” e “Cidade Baixa”. Mais de 50 feiras realizadas neste ano também contaram com cobertura de seguro garantida pela Chubb.

O seguro da ACE no Skol Beats visa ressarcir qualquer tipo de incidente provocado por tumultos relacionados à organização do evento. Também cobre possíveis danos corporais sofridos pelos profissionais de 10 empresas envolvidas com os serviços de instalação e desmontagem, além do percurso de ida e volta do trabalho em veículos contratados pela organização.

“O produto da ACE ainda fornece proteção para o uso de cerca de 1,3 mil vagas do estacionamento VIP”, acrescentou Robert Hufnagel, executivo de responsabilidade civil da ACE, a seguradora mais presente nas apólices de responsabilidade civil de eventos. Hufnagel estima que a área de eventos deverá prosseguir neste ano com a mesma performance de crescimento de 2006, quando fechou o ano com 540 eventos cobertos.

Nada melhor do que uma perda para fazer a demanda pelo seguro aumentar. O cancelamento do show de Luciano Pavarotti em Belo Horizonte, em março do ano passado, custou US$ 1,5 milhão ao mercado de seguros, livrando a produtora do show das despesas causadas pela não realização do show, é uma boa propaganda do produto.

“A demanda está muito aquecida tanto para coberturas tradicionais como também por novidades, como o seguro de erros e omissões, uma demanda das produtoras de longrametragem”, disse Dulce Thompson, especialista em seguro de entretenimento da corretora Aon. Um filme contando a história da vida de alguém e essa pessoa ou a família processa a produtora porque a história foi contada de forma errada. Esse tipo de prejuízo estaria coberto na apólice.

Segundo Juliana Santos, executiva da carteira de entretenimento da Chubb, que atua nesse nicho desde 2001, com todas as coberturas que um promotor de evento ou de filmes necessita, poucas produtoras de longas conhecem o seguro, mas as que já compraram, não iniciam uma filma-gem sem comprar a apólice. “A nossa carteira ainda é pequena, porém vem apresentando um crescimento superior a 50% no último ano”, disse Juliana.

Outra novidade é o seguro de insucesso de bilheteria, mais voltado para shows. “Mas esse ainda é muito caro. Estamos desenvolvendo essa cobertura no Brasil, mas ele chega a custar cerca de 10% do valor do orçamento da produtora”, disse Dulce.

O custo se justifica pela especialização e complexidade para mapear o risco do motivo da fraca bilheteria. “Se o evento foi realizado no mesmo dia de um outro megashow, se foi divulgado corretamente para o público alvo. São muitas nuances”, acrescentou. Aqui não se encaixaria uma bilheteria menor do que a prevista em razão dos espectadores que pagam meia, como os estudantes e os idosos.

*Matéria da autora publicada na Gazeta Mercantil

Denise Bueno
Denise Buenohttp://www.sonhoseguro.com.br/
Denise Bueno sempre atuou na área de jornalismo econômico. Desde agosto de 2008 atua como jornalista freelancer, escrevendo matérias sobre finanças para cadernos especiais produzidos pelo jornal Valor Econômico, bem como para revistas como Época, Veja, Você S/A, Valor Financeiro, Valor 1000, Fiesp, ACSP, Revista de Seguros (CNSeg) entre outras publicações. É colunista do InfoMoney e do SindSeg-SP. Foi articulista da Revista Apólice. Escreveu artigos diariamente sobre seguros, resseguros, previdência e capitalização entre 1992 até agosto de 2008 para o jornal econômico Gazeta Mercantil. Recebeu, por 12 vezes, o prêmio de melhor jornalista de seguro em concursos diversos do setor e da grande mídia.

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