A composição do valor de uma apólice é bem mais complexa e envolve índices de roubos, colisões e perfil do condutor, entre outros. Em uma cidade como São Paulo, cuja frota circulante é superior a 5,5 milhões de automóveis, roubo e furto representam 60% do total do custo. Os 40% restantes correspondem a colisões, enchentes e danos por incêndio. Já em cidades afastadas dos grandes centros urbanos, furtos e roubos equivalem a apenas 20% do total da apólice.
Em uma análise mais simples, pode-se considerar que, se um carro se desvaloriza anualmente e sofre perda total por qualquer um dos eventos acima citados, não haveria por que subir o preço do seguro, e sim cair. “Esse é o comentário que mais escuto desde que entrei neste ramo, mas a realidade não é bem essa”, garante Claudio Afif Domingos, diretor vice-presidente da Indiana Seguros.
O executivo explica que, para os casos de sinistro em que não há danos totais, apenas parciais, o veículo necessita ser reparado com peças novas, as quais obedecem ao valor do veículo zero-quilômetro. “É esse o custo considerado na composição do seguro, e não o ano de fabricação do mesmo”, afirma.
O executivo exemplifica: um Corsa Sedan, modelo 2001, que, segundo a Tabela Fipe, tem preço de mercado estimado em R$ 18.278,00, e que tenha sido parcialmente destruído e precise trocar o capô e a longarina esquerda. Essas peças custam, respectivamente, R$ 532,25 e R$ 1.098,73. Para o modelo 2006, do mesmo Corsa Sedan, cujo valor de mercado é R$ 23.553,00 (29% mais caro), o valor das peças são os exatos R$ 532,25 e R$ 1.098,73, da mesma forma que o modelo 2001.
Assim, mesmo em uma economia com baixa inflação, esse efeito de custo é repassado ao valor final dos carros novos, e também às peças que os compõem, o que explica como o valor do seguro não se deprecia de acordo com o valor do carro. “Há também ajustes para cima ou para baixo, quando determinado modelo é mais ou menos roubado em período imediatamente anterior”, reforça Afif Domingos.
Além dos índices de roubo e colisão, o perfil do condutor também é fundamental na composição do valor do seguro. Segundo o executivo da Indiana, até oito anos atrás, as seguradoras calculavam o preço do seguro de autos apenas por modelo e macrorregião de uso. “Hoje, consideram também o endereço (CEP) de pernoite e o perfil do condutor, que contempla idade, estado civil e hábitos de uso, entre outros”, explica.